Por um mundo onde não precisemos desbancar os outros para sermos melhores

Imagem de capa: Fred Ho/shutterstock

Já há algum tempo, esse nosso costume contemporâneo de competirmos por tudo tem me incomodado e me feito refletir.

Status e expressões como “campeão”, “ser o melhor”, “estar em primeiro” (e, consequentemente, fazer do outro perdedor), parecem estar em seu auge. Competir, porém, já não me é algo tão atrativo quanto antigamente.

A verdade é que, quanto mais entendemos os motivos (que se resumem facilmente ao capital),pelos quais valores como os da competição, do sucesso, da produtividade são tão aclamados na sociedade atual, mais ficamos com um pé atrás no que diz respeito a todo esse embate.

Mas, afinal, quais as consequências da internalização tão forte desses valores em nossa subjetividade? Individualismo e narcisismo exacerbados, confrontos de ego constantes.

Não sabemos nos relacionar, não sabemos trabalhar em grupo. Por outro lado, a insegurança reina. Baixa autoestima e sentimento de inferioridade se fazem presentes, principalmente entre aqueles que estão sempre entre os “perdedores”. Triste, não é?

Uma ideia antiga, porém muito válida: não há nada mais saudável que competir consigo mesmo. Não há nada mais motivador que a meta de superar um limite próprio. Não há nada mais prazeroso que superar a si. Não precisamos vencer ninguém para melhorarmos, para evoluirmos.

Buda, complementando tal pensamento, disse-nos que nosso maior inimigo é nossa própria mente. E não é ela mesma (a mente) que devemos moldar para evoluirmos (nos vencermos talvez), tanto em nível de corpo quanto em nível de pensamento?

Agora, alie essa ideia a valores como os do trabalho em grupo e respeito às individualidades de cada sujeito. O cenário a ser visualizado melhora significativamente, não é?

Eu sei, eu sei. Existem competições e competições. Saudáveis e não saudáveis. Mas a que critico aqui é a que o capitalismo nos impõe: desleal e prejudicial.

Desleal, por impor metas que nos são, muitas vezes, inatingíveis e prejudiciais, principalmente à nossa saúde mental, por nos fazer pensar que não somos bons o suficiente: na escola, no vestibular, no trabalho e em tantas outras esferas de nossas vidas.

O que nos resta é lutar para, aos poucos, mudar isso. “Ah, mas essa é uma característica imutável dentro de nossa sociedade.”

Ah, meu amigo, o que posso lhe dizer, por hora, é que nada é imutável e uma revolução pode se dar tranquilamente a partir da mudança de atitude de alguns poucos. É assim que algo se espalha.

Mísia Morais

Paraibana (Campinense) estudante de Psicologia que tem a cabeça nas nuvens, pés no chão e um fraco por causas perdidas.

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