Guilherme Moreira Jr.

Desculpe, aqui não trabalhamos com o “felizes para sempre”

Por favor, esqueça essa história de felizes para sempre. Amores que apelam para isso, não duram. Não existe jeitinho, gambiarra ou recortes que façam um amor durar tanto tempo. Porque para sempre é uma janela inexistente. É querer concentrar esforços para alimentar expectativas irreais e distorcidas do amor saudável. O melhor a se fazer é o seguinte, mergulhe no carinho diário e faça planos, mas ame como se fosse a primeira vez. Não faça contas do quanto esse sentimento pode ser estendido.

O que prejudica a maioria das relações é essa insistência em imaginar um futuro que pode não acontecer. É quando você aprisiona algo que deve ser vivido no hoje em vez do amanhã. A gente tira a beleza do amor romântico e o transforma num conto de fadas pra lá de dramático. “Eu quero você para sempre”, “eu vou te amar por toda a minha vida”, “nós nunca ficaremos separados” e outras declarações que, mais cedo ou mais tarde, encontram uma simples sentença, a realidade. Não é desacreditar que duas pessoas não possam ficar juntas, que não possam construir algo duradouro e digno de um final feliz. Mas acredite, é bem diferente concretizar uma felicidade de mantê-la por um tempo indeterminado.

É só perceber, no primeiro desfecho pós a fala felizes para sempre, o coração vai para beira do abismo emocional. E para quê? Por quê? Para quem? Difícil entender a necessidade urgente de alguns em categorizar suas relações amorosas em lados – deu certo e quebrei a cara. Não é assim. Não é o fim que te faz decepcionar-se com o amor, mas o pensamento criado de que ele nunca acabará.

O amor é legítimo no início, meio e fim. Logo, nada mais justo do que apreciá-lo e sê-lo nas horas, dias, semanas ou anos que lhe couberem. Amor é cuidar dos próprios afetos antes de solicitar permanências. É seguir adiante sem esperar que uma âncora esteja atrelada a quem você quer que fique.

Desculpe, aqui não trabalhamos com o “felizes para sempre”. Preferimos o “felizes de hoje em diante”. Ou, até quando formos felizes juntos.

Imagem de capa: Em Paris (2006) – Dir. Christophe Honoré

Gui Moreira Jr

"Cidadão do mundo com raízes no Rio de Janeiro"

Recent Posts

Novidade na Netflix: Glen Close e Mila Kunis arrancam lágrimas e aplausos em filme arrebatador

É impossível não se emocionar com a história profundamente humana e as atuações fenomenais que…

20 horas ago

Viúvo de Walewska quer que pais da jogadora paguem aluguel para morar em apartamento deixado pela filha

"Ele mandou uma notificação sem autorização judicial informando que os pais dela ou pagarão a…

21 horas ago

Desaparecimento de Madeleine McCann completa 17 anos e pais fazem declaração: ‘Vivendo no limbo’

Dezessete anos se passaram desde que Madeleine McCann desapareceu do quarto de um resort na…

1 dia ago

Pai é acusado pela morte do filho após obrigá-lo a correr em esteira em alta velocidade

O pai alegou que obrigava seu filho de 6 anos a correr em uma esteira…

1 dia ago

Mecânica de jogo: O coração da emoção de Aviator

Na nossa análise exaustiva, mergulhamos na mecânica do Spribe's Aviator, analisando como o seu formato…

1 dia ago

Show da Mandonna: Fiscais encontram facas enterradas na areia de Copacabana

Na madrugada desta sexta-feira (3), a Secretaria de Ordem Pública (Seop) do Rio de Janeiro…

2 dias ago