Um homem fez seu sapato
de veludo com marfim
vestiu-se em pele bem fina
banhou-se em flor de jasmim
Saiu pela rua escura
com seu rastro perfumado
envolveu uma mocinha
gastando palavreado
Chamou-a até sua casa
fez-lhe jardim, mesa e cama
mostrou-lhe do amor segredos
da paixão mostrou a chama
Já vinha raiando o dia
e a maquiagem finda
mandou que a moça voltasse
pois não era amor ainda
A moça chorou três dias
na cama ela esmoreceu
lamentava aquela noite
amor que nasceu num breu
amor de escuro pintado
vestido tão bem vestido
engano de amor maquiado
amar o desiludido
Moça de fita vermelha,
não passe naquela rua
pois o amor disfarçado
quer apenas te ver nua
Não quer teu laço de fita
nem sorrir ao lado teu
também não quer tua boca
quem te quer assim sou eu
Lúcia Costa
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