A boa briga: Enfrentar os demônios do passado

Imagem: Antonio Guillem/shutterstock

Brigar por razão, por vaidade, por exibicionismo ou até mesmo maldade, ah, essa briga é tola!

Brigar por vontade de fazer justiça, para defender um afeto, garantir direitos e espaço, aí já começa a melhorar…

Mas, briga boa, aquela que se reza para não entrar, mas depois paga para não sair, é a briga urgente e necessária com os demônios do passado.

Os demônios que espreitam a vida, que sugerem a repetição de reações equivocadas, que fazem o tempo presente parecer inútil e o futuro, desanimador.

Há um demônio comum que mora no passado de quase todo mundo. Agressivo, asqueroso, implacável. Usa a culpa como arma, e a chama ao menor sinal de liberdade. A briga com esse é séria, mas vale muito a pena tentar.

Companheiro desse, um demônio sonso, que evoca despretensiosamente as terríveis sensações de insegurança sentidas em algum momento lá atrás, e que lá deveriam ter ficado. Mas ele sabe onde estão escondidas e as apresenta sem avisar, roubando-nos o chão. Com ele, funciona bem a indiferença.

Um menorzinho mas não menos perigoso, o demônio da chantagem infantil. Esse nasceu da oportunidade, daquela ocasião em que um apelo funcionou tão bem, que resolveu ficar para sempre. E, mesmo não sendo mais a versão original, usa e abusa das caras e bocas para conseguir o que deseja. Ainda que não tenha mais idade para isso. Discutir não adianta muito, é melhor mesmo colocar de castigo, para pensar.

O demônio da malcriação, aquele que não sabe ser contrariado, que bate pé e se joga no chão. Esse, agora mais velho, parte até para o surto quando não se sente confortável com as respostas que recebe. Esse merece uma boa bronca, além da lição de educação que lhe falta.

E tantos outros, vestidos e revestidos das mais variadas temáticas, que assombram e modificam nossas condutas, somente porque em algum momento do passado, foram acolhidos.

Somos nutridos por anjos e demônios, mas, e acima de todas as influências, somos o que queremos ser, e se não estamos nos sentindo donos da vida, o melhor é partir para a briga, conquistar o espaço e fazer as escolhas. O passado que fique com seus demônios. O presente que crie o ambiente para o que irá povoar o futuro.

Emilia Freire

Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.

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