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Amores Nocivos: como sobreviver

O coração é um músculo irresponsável que vive dentro do peito da gente. Qual um cavalo selvagem, não aceita limites que o impeçam de se aventurar por aí. Age de acordo com regra nenhuma, escolhe ignorando qualquer tipo de critério que venha determinado pela razão (essa chata e pentelha que não sabe nada de amor!). O coração deveria ser menos independente em suas loucas experiências; mas é insolente, debochado e venal. Somos hipnotizados pelas preferências do coração. Seduzidos por sorrisos que nos colocam nus diante da lógica, submetemo-nos ao sabor delicioso de estar apaixonado. Paixão é fogo ligeiro, tanto queima, quanto arde e pode transformar nossa desarmada pessoa em cinzas, caso sejamos tolos o suficiente para nos deitarmos em sua morna e sedutora cama, sem compreender sua linguagem dúbia e envolvente.

ATIRE A PRIMEIRA FOTO RASGADA QUEM NUNCA SOFREU DE AMOR

Não importa o quanto seja arriscado amar. Viver sem amor é tão saboroso quanto um pão deixado ao relento por três noites; duro, sem gosto e difícil de engolir. O amor romântico é invenção dos loucos, loucos por uma vida com sentido, emoção e graça. O amor romântico é aquela friagem no estômago que se compara ao voo de mil borboletas coloridas e indóceis. Amar alguém nos torna mais humanos, abertos a novas experiências e propensos à felicidade. E tudo isso seria perfeito, caso houvesse no mundo a maravilhosa premissa de que todo amor fosse correspondido; de que só fosse permitido ao amor extinguir-se num compromisso tácito e silencioso entre todos os envolvidos. Ahhhh… mas não é assim! O amor é o torrão de açúcar que alimenta o cavalo selvagem no peito. Caso seja cortado de repente, causa sofrimento e dor; saudade que machuca pela ausência do toque que não se tem mais. Quem nunca sofreu de amor talvez não seja nem ao menos capaz de entender que o fim do amor não tem nada de belo ou romântico. É ferida sob o sal; é perder-se num labirinto sem saída; é encontrar o fundo do poço, sem nem uma gota de água para molhar a alma e trazê-la de volta à luz.

HÁ QUEM TENHA (DE VERDADE) UM DEDINHO PODRE PARA O AMOR

Como quase todas as coisas mais maravilhosas da vida, não há curso preparatório para nos ensinar “as mil maneiras de amar a pessoa certa”. Escolhas equivocadas são bem tentadoras, na verdade; têm aquela sedutora pitada do risco. O fato é que aprendemos a amar, amando. E é bom que se saiba: às vezes dá certo, às vezes dá errado. O que nos faz ver no outro algo que nos faça tremelicar por dentro, é a soma de todas as nossas experiências afetivas. À medida que vamos nos tornando mais íntimos dos sentimentos, criamos uma espécie de roteiro interno; rabiscos amorosos que nos fazem reconhecer no outro aquilo que nos faz sentir mais vivos e despertos. Sem que tenhamos muita consciência disso, a intensidade do amor que somos capazes de ter por nós mesmos, revela muito sobre nossas escolhas amorosas. Por alguma misteriosa razão, há quem estabeleça um perigoso e estreito vínculo entre amor e sofrimento. A pessoa fica cega para as pequenas vozes de alerta e embarca repetidas vezes em relações fadadas ao fracasso, porque cismou que se não doer, não é amor.

FAZER AS PAZES COM A POSSIBILIDADE DE SER FELIZ

Sobreviver a um amor nocivo, daqueles que colocam a gente num lugar escuro e árido; daqueles que nos apequenam diante da vida; daqueles que nos fazem duvidar sobre termos algum valor ou atrativos, é semelhante a ter a chance de nascer de novo nesta mesma vida. Há que se fazer da dor do fim, uma base para escolhas diferentes. Há que se fortalecer a alma, diante da crueza de um não à nossa alegria de viver. Há que ser o suficiente para fazermos as pazes com nosso amor próprio. Há que ser a ponte para nos darmos a chance de visitar outros lugares, mais prontos a nos acolher e tirar de nós nossa melhor porção. O tombo só faz sentido se aprendemos a cair de um jeito que nos ressignifique. Que os joelhos ralados num amor nocivo, nos torne mais aptos a optar por veredas que nos apontem vales, cavernas e montanhas de luz. Amar é para ser bom, para fazer a vida ter mais gosto. Se faz sofrer, não é amor. É, apenas uma versão pirateada, uma mentira que precisa a todo custo ser revelada, desmascarada e levada para bem longe de nós.

Imagem de capa: Rawpixel.com/shutterstock

Ana Macarini

"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

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