Marcel Camargo

Algumas pessoas fingem que você é ruim, para não sentirem culpa pelo que te fizeram

Parece ser muito difícil, para algumas pessoas, pedir desculpas a quem quer que seja, não importando o que tenham feito. Mesmo para quem é próximo, para quem é íntimo, para quem caminha junto, tem gente que não consegue pedir perdão. Ainda que estejam completamente erradas, mesmo que saibam que machucaram, que vacilaram, algumas pessoas não se desculpam, pois nem ao menos se culpam.

Provavelmente, muitos indivíduos que são incapazes de se desculparem não conseguem perceber que estão errados, que suas ações ou suas palavras feriram o outro. É como se agissem somente fazendo o que querem, o que têm vontade, sem se importar com ninguém além de si mesmos. Egoísmo, egocentrismo, incapacidade de se colocar no lugar do outro. Nunca devemos confiar em alguém que não demonstre um mínimo de empatia em seu coração.

Outros, ainda que tenham consciência dos próprios erros, não querem dar o braço a torcer. Enxergam o pedido de desculpas como fraqueza, desistência, fracasso. São pessoas que não sabem perder, não conseguem perceber que todos temos limitações, todos somos passíveis de pisar na bola e de errar. Reconhecer os próprios erros requer maturidade e coragem, porque dói enxergar o sofrimento que podemos ter provocado em outras pessoas.

Existirá, inclusive, quem preferirá fingir que somos pessoas ruins, para que possam lidar melhor com as próprias culpas, enterrando-as sob as mentiras que criarão a nosso respeito. Dessa forma, a pessoa se sentirá livre da obrigação de se desculpar, uma vez que quem ela machucou assim o mereceu, por se tratar de alguém ruim. É desse modo que alguns indivíduos agirão: tentarão se proteger de forma cínica e falsa, colocando o outro como o vilão da história.

O que importa mesmo é termos a consciência tranquila diante de tudo o que somos, de tudo o que fazemos e dizemos, para que consigamos nos livrar de culpas que não são nossas. Quando o erro não é nosso, só nos resta relaxar e tentar seguir, sem precisar de que o outro se desculpe para perdoarmos a nós mesmos. É assim que a gente continua. Desse jeitinho.

***

Photo by Myicahel Tamburini from Pexels

Artigo publicado originalmente em Prof Marcel Camargo

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

Recent Posts

Novidade na Netflix: Glen Close e Mila Kunis arrancam lágrimas e aplausos em filme arrebatador

É impossível não se emocionar com a história profundamente humana e as atuações fenomenais que…

1 dia ago

Viúvo de Walewska quer que pais da jogadora paguem aluguel para morar em apartamento deixado pela filha

"Ele mandou uma notificação sem autorização judicial informando que os pais dela ou pagarão a…

1 dia ago

Desaparecimento de Madeleine McCann completa 17 anos e pais fazem declaração: ‘Vivendo no limbo’

Dezessete anos se passaram desde que Madeleine McCann desapareceu do quarto de um resort na…

2 dias ago

Pai é acusado pela morte do filho após obrigá-lo a correr em esteira em alta velocidade

O pai alegou que obrigava seu filho de 6 anos a correr em uma esteira…

2 dias ago

Mecânica de jogo: O coração da emoção de Aviator

Na nossa análise exaustiva, mergulhamos na mecânica do Spribe's Aviator, analisando como o seu formato…

2 dias ago

Show da Mandonna: Fiscais encontram facas enterradas na areia de Copacabana

Na madrugada desta sexta-feira (3), a Secretaria de Ordem Pública (Seop) do Rio de Janeiro…

2 dias ago