Você já faxinou sua mente hoje?

Tem gente que acumula quinquilharia. Tem gente que acumula pérolas. Qual acúmulo é melhor? Nenhum dos dois!

Acumular, no dicionário: v.t e p. 1. pôr(se) em cúmulo ou montão; amontoar(se). 2. Ajuntar(se), reunir(se).

Tem gente que acumula lixo, lembranças, vontades, mentiras, frustrações, quilos, papéis, poeira, objetos, medos, ilusões, projetos, desejos, sonhos.

Porém esses acúmulos são apenas sintomas, efeitos colaterais, de outros dois acúmulos: passado e futuro. E são totalmente prejudiciais à saúde.

Quem não consegue se desapegar do que passou, de histórias que não deram certo, de lembranças boas que não voltam mais, de projetos que fracassaram, de mágoas antigas, de velhos traumas, adoece.

Quem não consegue se desapegar do futuro e está sempre pensando como será a vida daqui a 5, 10 ou 20 anos, que esquece o presente para pensar e batalhar incessantemente o futuro, também adoece.

Os efeitos nocivos de acúmulos de passado e futuro geralmente são os mesmos: solidão, medo, depressão, aumento de peso, dificuldade para dormir, dificuldade para se relacionar, fobias, angustia, insatisfação, ansiedade, doenças.

Nossa consciência só entende a linguagem do AGORA, mas como o AGORA é algo desconhecido – portanto, ameaçador – a mente, que é identificada com o ego, cria estratagemas de defesa contra esse corpo estranho chamado AGORA: acumula passado e futuro.

De acordo com o pesquisador e professor de espiritualidade contemporânea da Universidade de Cambridge, Eckhart Tolle, autor do livro best-seller “O poder do agora”, “para permanecer no controle a mente trabalha o tempo todo para esconder o momento presente com o passado e o futuro. Assim, a vitalidade e o infinito potencial do Ser, que é inseparável do Agora, ficam encobertos pelo tempo e a nossa verdadeira natureza é obscurecida pela mente”.

Segundo Tolle, todo sofrimento deriva da incapacidade de viver o momento presente:  “O sofrimento varia de intensidade de acordo com o nosso grau de resistência ao momento atual”.

Claro que planejar o futuro é saudável e maduro. Evidentemente que lembrar coisas boas que passaram faz bem. Porém, condicionar a maioria das ações (pensamentos e emoções) ao passado e ao futuro não é saudável.

Nas palavras do escritor: “ Não há nada de errado em estabelecermos metas e nos empenharmos para conseguir bens. O erro existe em usar isso como um substituto para o sentimento de vida, para o Ser. O único ponto de acesso para isso é o Agora”.

E acrescenta: “Toda negatividade é causada pelo acumulo de tempo psicológico e pela negação do presente. O desconforto, a ansiedade, a tensão, o estresse, a preocupação, todas essas formas de medo são causadas pelo excesso de futuro e pouca presença. A culpa, o arrependimento, o ressentimento, a injustiça, a tristeza, a amargura, todas as formas de incapacidade de perdão são causadas pelo excesso de passado e pouca presença”.

Portanto, proponha-se a uma faxina mental diária. Vigie seus pensamentos. De nada adianta jogar papéis velhos, frascos de perfume, roupas e objetos na lata do lixo e continuar vestindo antigos personagens e investindo em roteiros invisíveis e imaginários.

De nada adianta fazer dieta e malhar para perder peso se o acumulo de peso for reflexo de acúmulos emocionais de passado (mágoa) e futuro (medo). De nada adianta sonhar com um trabalho melhor, mas estar apegado à ideia de um trabalho perfeito que acabou – ou à ideia de um trabalho maravilhoso que ainda não chegou. De nada adianta querer viver um grande amor se a mente está presa num relacionamento que fracassou ou na promessa da chegada de um príncipe no futuro.

Quanto mais vigiarmos nossos pensamentos, quanto mais tomarmos as rédeas da nossa mente, quanto mais impedirmos que a nossa mente fique vagando em lembranças que não servem para nada e hipóteses relacionadas ao futuro, mais conectados com nossas verdadeiras necessidades ficamos, mais criativos, abertos e entusiasmados nos tornamos.

É quando estamos distraídos que as boas surpresas da vida acontecem.

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(imagem: google)

Mônica Montone

Mônica Montone é formada em Psicologia pela PUC-RJ e escritora. Autora dos livros Mulher de minutos, Sexo, champanhe e tchau e A louca do castelo.

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