‘Tive que ficar de luto por minha própria morte’, diz policial que voltou de síndrome do encarceramento

Como policial, a britânica Clodagh Dunlop já teve muitas experiências de dar medo.

Mas, após sofrer um derrame em abril, ela enfrentou um desafio ainda maior: a síndrome do encarceramento.

“Foi a experiência mais assustadora da minha vida”, disse ela.

Por quase três meses, Clodagh, que é da Irlanda do Norte, não conseguia falar nem se movimentar. Ela só podia se comunicar piscando. No entanto, sua mente funcionava normalmente.

A síndrome do encarceramento é uma paralisia dos músculos do corpo que afeta uma pequena parcela das vítimas de AVCs (acidentes vasculares cerebrais) ou de traumas graves no cérebro. Não há tratamento ou cura para a doença, e a recuperação é muito rara.

Clodagh é uma dessas exceções. Na primeira entrevista à rádio que concedeu após recuperar a fala, ela disse à BBC que, enquanto seu corpo estava completamente paralisado, ela se mantinha completamente consciente de tudo que acontecia a seu redor.

‘Estou aqui’

“Lembro de tudo, desde a hora em que acordei na UTI”, disse. “Foi uma experiência muito surreal. Eu queria gritar para todos: ‘Estou aqui’. Via que minha família e meu parceiro, Adrian, estavam tristes e queria reconfortá-los, mas não podia fazer nada. Você se torna um prisioneiro em seu próprio corpo.”

Foi no dia do seu aniversário, em maio, que Clodagh começou a mostrar sinais de que poderia escapar dessa prisão.

“Uma amiga minha me visitou e eu estava tentando dizer a ela que eu queria remédios”, disse. “Eu tinha um quadro com letras para soletrar o que queria e piscava para dizer isso, mas ela não parava de tentar adivinhar o que eu queria.”

“Fiquei com muita raiva. Gritei com ela e essa foi a primeira vez que eu consegui fazer barulho e meus braços se mexeram um pouco. Fui de brava para feliz. Foi um momento marcante.”

Luto
A síndrome do encarceramento afeta determinadas áreas do cérebro, e Clodagh teve que reaprender a fazer coisas básicas, como respirar e engolir.

Agora, ela está reaprendendo a andar, em um hospital de Belfast. No longo prazo, seu objetivo é voltar a correr mais de 6 km por dia, como costumava fazer.

“Tive que ficar de luto por minha própria morte”, pondera. “A pessoa que eu era ainda está dentro de mim, mas tive que aceitar que nunca mais serei aquela pessoa. Tenho que deixar ela para trás.”

“Aprendi muito sobre humildade e compaixão. Você é um observador silencioso do mundo quando está trancado em você mesmo. Quero compartilhar minha experiência para ajudar outras pessoas e fazer a diferença.”

“Hoje, olho para trás e penso que eu era uma jovem notável. É uma chance que a maioria das pessoas não tem, elas nunca apreciam quem elas são. Sempre querem ser melhores.”

Clodagh trabalhou como policial na cidade de Londonderry, a segunda maior da Irlanda do Norte, por oito anos. Em 2012, ela ganhou um prêmio de policiamento comunitário.

Ela espera, um dia, pode retornar as suas funções.

“Adoraria voltar ao trabalho. Amava Derry e as pessoas de lá. Ficaria muito orgulhosa se um dia pudesse voltar.”

Fonte indicada: BBC Brasil

CONTI outra

As publicações do CONTI outra são desenvolvidas e selecionadas tendo em vista o conteúdo, a delicadeza e a simplicidade na transmissão das informações. Objetivamos a promoção de verdadeiras reflexões e o despertar de sentimentos.

Recent Posts

Aos 18 anos, Suri toma atitude em relação ao pai, Tom Cruise, com quem não tem contato desde 2012

De acordo com a imprensa internacional, Suri não vê o pai há mais de uma…

10 horas ago

Motorista atropela bandido para livrar enfermeira de assalto: “Poderia ser a minha esposa”

O bairro Umuarama, em Uberlândia (MG), foi cenário de uma cena inusitada na última terça-feira…

14 horas ago

Enfrentamentos necessários no século XXI

Mudanças climáticas e o deslocamento de placas tectônicas podem acarretar degelo nas calotas polares, mudanças…

23 horas ago

VÍDEO: Bebê de 1 ano foge de casa e é flagrado no meio da rua durante a madrugada; seu cachorro o protegia

"Estávamos patrulhando e ouvimos um cachorrinho latindo muito em um beco. Notamos que havia um…

1 dia ago

Quadro do cavalo Caramelo é arrematado em leilão por R$ 130 mil; quantia será doada ao Rio Grande do Sul

A icônica imagem de Caramelo, representando a resiliência do povo gaúcho em meio à adversidade,…

1 dia ago

Cãozinho resgatado das enchentes no RS sobe no telhado da casinha que foi preparada pra ele no abrigo

No último resgate emocionante das recentes enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, um…

1 dia ago