Nem sempre, mas às vezes. Quero fazer e viver meu drama, me jogar na cama, passar horas lamentando um recado malcriado, uma unha quebrada ou uma mensagem ignorada.
Não quero ser sempre equilibrada, bem resolvida, analisada. Quero o direito de viver minhas reações, entender minha emoções, sucumbir às tentações e me arrepender de decisões.
A busca pelo equilíbrio é injusta. O mundo anda desequilibrado. Tem momentos em que um gemido vale bem mais do que uma longa explicação, um choro sentido alivia enormes tensões, e aquele desabafo repetitivo acaba por fazer sentido e acalma o coração.
O drama é uma forma exagerada, lamentosa, dolorida de vivenciar certas questões. O drama pertence mais às mulheres, embora muito homem saiba fazer drama como ninguém.
O drama dá peso, forma e consistência para um problema. Personifica, divide-se em capítulos, episódios, com avanços e retrocessos.
Quem faz o drama busca representar a intensidade do seu caso. Os exageros ganham licença poética para os dramáticos. É simplesmente impossível fazer um drama sem exageros e floreios.
O drama busca atenção. Quando estou dramática, estou carente. E quando estou carente, quero chamar a atenção de alguém. Uma equação de fácil resolução e, com alguma generosidade da parte que assiste, nenhuma repercussão.
O ser dramático opta por sofrer mais, por reter a dor por mais tempo, por detalhar em minúncias um ocorrido e sentir cada etapa em intensidade máxima.
Mas, e se for dessa forma que o ser dramático resolve suas questões, e segue em frente? Que obrigação temos de ser igualmente racionais, resolvidos, silenciosos e equilibrados?
Quero e exijo o meu direito de ser dramática, de viver minhas novelas mexicanas pessoais, de me despedaçar, emocionar, exagerar, decepcionar.
Quero acima de tudo, o direito de lidar com o que me chega, do jeito que sei, para aprender a transformar os dramas em êxitos, caminhos e soluções. E que cada um faça do seu jeito!
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