As desculpas são criativas e a culpa sempre é do amigo, da mãe ou da vizinha, mas, o fato é que, para não assumirem um relacionamento, algumas pessoas são verdadeiros mestres.
Que a paixão cega, não é novidade, mas que propaga a alienação, sim. Parece inacreditável, mas há pessoas que ao escutarem “não podemos sair até que Saturno entre na casa de Júpiter”, acreditam que o parceiro é um fã de astrologia e, não conseguem ver, que isso é um “não quero vê-lo nunca mais” disfarçado.
Antoine de Saint-Exupéry, afirmava que o amor exige atitudes (ou sutis sinais) que comprovem sua veracidade: “Se o escultor despreza a argila, terá de modelar o vento. Se o teu amor despreza os sinais do amor a pretexto de atingir a essência, o teu amor não passa de palavreado”.
Acredito que a culpa seja dos nossos egos que, ao ficarem inundados de amor e expectativas, invertem as regras do bom senso e adequam aos seus próprios desejos. Vendo e percebendo apenas o que querem.
Talvez seja culpa do instinto humano querer o que não se pode ter. É quase automático: a pessoa demonstra desinteresse, o cérebro avisa “hora de partir para guerra da sedução”. E, nessa luta insana de conquista e desprezo, você perde metade da sua vida tentando entender o comportamento alheio.
Nessas horas, é preciso inteligência emocional e altas doses de bom senso para entender que há uma grande diferença entre demonstrar desinteresse e fazer charminho. Descaso não é sedução, grosseria não é demonstração de cuidado e não responder uma mensagem, depois de uma semana, não é esquecimento. Encare a realidade e não confie em seu coração.
Chega uma hora na vida que é preciso deixar a ilusão de lado e raciocinar. Entenda que, se a pessoa não marca local, horário e dia, vocês não têm um encontro. Se ele não te assume como namorada para a família, vocês não têm um relacionamento. Se ela demonstra desinteresse diante da sua constante demonstração de afeto, ela, realmente, não está interessada em você. A verdade é tão dura quanto libertadora: quem quer, demonstra. Quem não quer, também.
Relacionamentos são conseqüências de vontades mútuas entre duas pessoas. Tenha consciência que, um jantar na sexta-feira, não tem a obrigação de virar um namoro. Tão pouco um namoro tem a obrigação de virar casamento. Essa necessidade de tudo ter que dar certo, o tempo todo, consegue estragar até o que nasceu para dar certo.
Seja sensível aos sinais e inteligente o suficiente para perceber quando alguém não quer ficar. Às vezes, o “não” vem disfarçado de ausência para provar que você consegue viver sem esse sentimento.
Imagem de capa: Nicoleta Ionescu/shutterstock
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