Por Marcela Picanço

Todo mundo quer ser alguém. Talvez não alguém em carne e osso, mas alguém que seja um personagem nosso, como se fosse uma imagem de pessoa ideal. A partir daí, fazemos tudo em busca dessa “pessoa”. Talvez a felicidade que tanto esperamos seja o encontro entre alguém que você quer ser com alguém que você realmente é. E eu não acho que tenha problema nenhum nisso, se não o prejudicar e não reprimir suas verdadeiras vontades.

O problema é que, hoje em dia, parece que a maioria das pessoas se padronizaram. Agora, a pessoa ideal é praticamente a mesma para todo mundo. Não existem mais vários grupos diferentes, mas poucos, onde as pessoas gostam de ser rotuladas, apesar de falarem constantemente: “eu não gosto de rótulos”. Todas as pessoas se vestem igual, escutam as mesmas músicas ‘cools’ e tiram as mesmas fotos. Todo mundo quer que a vida seja igual a uma foto espontânea com efeito vintage. Tudo que é antigo é muito cult. E a questão é que todo mundo sabe que ninguém é assim naturalmente. Essas fotos antigas dos nossos avós, que são super legais, só são super legais porque eles não estavam pensando no status que aquela foto ia trazer. Eles só tiravam e ficavam felizes por aquele momento ter sido registrado. Hoje, tudo é muito forçado, tudo significa passar uma imagem do que se é. O que você é todo mundo está vendo. Não enganamos ninguém, só nós mesmos.

A maioria das coisas que existem no mundo são uma cópia de outra coisa. Todas as ideias têm uma base, por mais originais que sejam. E isso não é uma crítica, é apenas um fato. As grandes inovações também surgiram de algo, por exemplo, da natureza. E, se formos entrar no assunto “e a natureza, de onde veio?”, eu vou responder que simplesmente não sei. Ninguém sabe a origem de tudo. Talvez o Big Bang também seja uma cópia de um universo que era meio sem graça. Vai saber…

Não tem como ser cem por cento original, mas isso não significa que precisamos ficar presos na mesmice. As pessoas começaram a ter noção de que ser diferente é legal, pois o diferente se destaca. O problema é que se esqueceram de nos contar que, quando todos querem ser diferentes, todos ficam iguais. E o pior é que os pensamentos ficam todos no mesmo nível. Ninguém se permite pensar e dar uma ideia diferente do diferente padronizado. E o mundo começa a gerar as mesmas coisas de sempre, transformando-se em um lugar monótono.

A gente deveria usar esse nosso lado “wanna be” como influência e não como lema de vida. É possível virar o que queremos ser, desde que ainda seja você. Muitas pessoas estão sem coragem de assumir uma ideia, pois vai fugir aos padrões, se for uma ideia idiota. Uma vez me falaram que uma ideia boba era igual a um aluno bagunceiro em sala de aula. Se você der a dose certa de estímulo para ele, ele vira um gênio. E estão faltando mais corajosos, que exponham suas ideias idiotas para o mundo, para que elas virem geniais. Uma ideia só é idiota quando é vista por um idiota.

A nossa personalidade vai se moldando com aquilo que achamos que é certo e legal, mas não para que alguém diga que é legal. Nós sabemos o que nos faz bem. Deve dar muito trabalho ser uma farsa o tempo todo. Em algum deslize, alguém nos descobre. Ninguém é tão incrível como mostra ser. Todos têm suas fraquezas. Não precisa sair mostrando quais são, mas também não precisa fingir que elas não existem, porque ninguém é super-herói. Acho que ser um ser humano ainda deveria ser normal.

***

Nota da CONTI outra: Poser é uma gíria da língua inglesa cujo significado – principalmente no contexto musical – se refere a uma pessoa com personalidade influenciável, sem atitude e que se deixa impressionar pelo artista, banda ou estilo musical que está fazendo sucesso no momento. O poser finge ser um fã apenas para estar na moda, para se juntar a um grupo e seguir as mesmas tendências.

Marcela Picanço

Atriz, roteirista, formada em comunicação social e autora do Blog De Repente dá Certo. Pira em artes e tecnologia e acredita que as histórias são as coisas mais valiosas que temos.

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