Thamilly Rozendo

O amor se constrói aos poucos e morre aos poucos também.

Imagem de capa: View Apart/shutterstock

Você pode até se apaixonar por alguém do dia para noite, mas amar alguém é algo que se constrói. Vamos amando aos poucos o jeito como o outro se ajeita no sofá para ver aquele filme, o cafuné que faz em nós com tanto amor, a sua paixão por comida e o jeito que leva e vê a vida.

É aos poucos que aprendemos a amar e a tolerar aqueles defeitinhos chatos que nos irritam e, ao mesmo tempo, fazem com que a gente veja que podemos amar aquilo achávamos não ser possível. Que podemos rir daquilo que aparentemente nos irrita.

Aos poucos, vamos amando o jeito que aquele alguém mexe no cabelo e quando nos pede para ficar mais um pouco. Mas, assim como o amor se constrói aos poucos, ele não acaba do dia para a noite.

O amor vai morrendo quando, ao invés de interromper uma briga com um beijo, o outro diz palavras que prolongam ainda mais uma discussão qualquer. O amor morre aos poucos, quando o orgulho domina mais que o perdão. Quando as desculpas ficam apenas para os corretos e sempre existe um culpado.

O amor morre aos poucos, quando um insiste em fazer dar certo e o outro persiste em dar errado. E, assim, com a indiferença, os gestos que machucam e as palavras que ferem, o amor vai perdendo a capacidade de lutar, vai deixando de ser amor e vai virando dor. Aquela dor que machuca e nos faz sofrer.

É quando a saudade vira apenas lembranças e deixa de ser reencontro. Quando os erros do outro viram motivos para termos razão. O amor morre aos poucos, quando o outro não valoriza, não elogia, não se importa e, principalmente, quando deixamos de ser nós mesmos e nos escondemos em um riso disfarçado de “tudo bem”, quando, na verdade, está tudo de mal a pior.

O amor morre aos poucos, quando perdemos a parceria de quem amamos, assim como a generosidade e a paciência. Quando o outro desiste, enquanto você luta. E, então, o que era amor vira desamor e vai aos poucos perdendo o seu colorido, vai aos poucos deixando de ser bonito, até que um dia não suportamos mais o pouco que recebemos e o relacionamento chega ao fim, não por falta de amor ou falta de tentar, mas pelo cansaço da insistência, de tanto avisar e o outro ignorar, como quem acha que, uma vez brotado a semente do amor, jamais precisaremos regá-lo novamente.

E então a gente cansa de insistir, de tentar fazer dar certo, cansa da mesmice e da zona de conforto. A gente percebe que aquilo está mais para comodismo do que para amor e, no fundo, a gente deseja ser cuidado e não apenas cuidar; a gente quer abraços, beijos e elogios e, mesmo sabendo que o outro nos ama, queremos ouvir o eu te amo. E, quando tudo isso fica apenas no começo da história, o amor vai deixando de ser amor e vira ferida, vira mágoa e discussão, e o que era para ser paz começa a ser tempestade, daquelas que parecem não passar.

Mas o amor não vira desamor em 24 horas ou em uma briga; o amor vai morrendo aos poucos e, mesmo a gente tentando reacender, só é possível pegar fogo se o outro tentar também, caso contrário, ela – a chama – apaga, assim como o amor também morre.

Thamilly Rozendo

Estudante de psicologia, apaixonada por artes, música e poesia. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito requeijão, mesmo sendo intolerante a lactose. Tem pavor de borboletas, principalmente as no estômago.

Share
Published by
Thamilly Rozendo

Recent Posts

Passageiro fica preso em banheiro de avião durante voo e recebe bilhete: “Tentamos o nosso melhor”

Um voo da SpiceJet de Mumbai para Bengaluru, na Índia, transformou-se em uma experiência angustiante…

13 horas ago

WhatsApp vai deixar de funcionar em 35 modelos de smartphones a partir desta quarta-feira; saiba quais!

Se você possui um dos modelos de celular da lista, é hora de fazer um…

16 horas ago

‘Não acho que a gente errou’, diz diretora de colégio de filha de Samara Felippo sobre não expulsar alunas que praticaram racismo

De acordo com a diretora do Vera Cruz, a decisão de apenas suspender as alunas…

17 horas ago

Socialite conta horror de 10 anos em cativeiro de luxo: “Estava puro osso”

Uma história de cárcere privado e manipulação veio à tona no prestigiado Edifício Chopin, na…

2 dias ago

Gatinha sobrevive após ser enviada por engano em pacote de devolução da Amazon nos EUA

A gata Galena, de seis anos, sobreviveu a seis dias de viagem sem comida ou…

2 dias ago

Kate Winslet está pronta para destruir corações neste filme irresistível que acaba de chegar à Netflix

Uma mulher retorna linda e poderosa à sua cidadezinha natal para acertar as contas com…

2 dias ago