Pamela Camocardi

Não confunda responsabilidade afetiva com a obrigatoriedade de se relacionar

Responsabilidade afetiva é um dos termos mais usados esse ano. Em sua definição corresponde à tratar as relações e os sentimentos com todo o cuidado e a seriedade que merecem. O problema é que a teoria nem sempre está aliada à prática e na ânsia de amarem e serem amados, muitos utilizam o termo para culpar o outro por tudo o que acontece de errado na relação.

Sejamos realistas: nem toda relação nasce para durar. Muitas vezes, há até a intenção de levar o relacionamento para outro patamar, mas, com o passar dos anos, os projetos de vida mudam e, consequentemente, os caminhos também. Para que fique mais claro: ter responsabilidade afetiva é uma coisa, ser obrigado a se relacionar com quem não quer é outra completamente diferente.

Uma pessoa com responsabilidade afetiva é transparente. O que facilita muito o relacionamento. Então, se os planos mudarem de fato, ela será verdadeira e deixará claro suas intenções, tomando o cuidado de respeitar a dor e os limites do outro. Já alguém irresponsável não se preocupa com isso e some do nada sem grandes explicações ou motivos. Entende, agora a diferença?

A verdade é que há pessoas que não sabem amar e mesmo assim se relacionam. Querem tudo da forma e no tempo delas. “Amam” condicionadas a tudo o que é conveniente a elas: “quero que você seja feliz, desde que seja ao meu lado, longe da sua família e dos seus amigos, sem sair de casa, sem fazer aquele curso e sem viajar sem mim”.

Um absurdo, não é? Mas provavelmente você já viveu uma relação assim e acreditou que era “excesso de cuidado de quem ama”. Desculpem a minha sinceridade, mas isso não é amor.

Amor é sentimento forte. Aguenta o tranco da rotina, enfrenta as adversidades e até suporta esperar, mas o que o amor não aguenta é desaforo. Amor que é amor sabe que as relações são feitas de intensidade, respeito mútuo e desejo. E, por isso mesmo, não sobrevive ao círculo vicioso de brigas, reconciliações e acomodações diárias.

A sociedade inventou uma teoria de que “o amor verdadeiro não acaba” que os apaixonados de plantão utilizam disso como via de regra para serem “felizes”. Desculpe decepcionar, mas amor acaba sim e acaba das mais diversas formas. Acaba, como dizia Paulo Mendes Campos, “como se fora melhor nunca ter existido” e quer saber a boa notícia? Ninguém morre por isso.

Portanto, antes de culpar o outro por tudo entenda que você também é responsável pela relação e que mudar os planos no meio caminho, muitas vezes, é uma necessidade e não uma escolha.

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Photo by Toa Heftiba on Unsplash

Pamela Camocardi

A literatura vista por vários ângulos e apresentada de forma bem diferente.

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