Sofreguidão. A definição mais honesta para as horas atormentadas de uma noite insone, agitada, suada, desesperada.
A palavra insônia sempre me remeteu à consciência- mais especificamente à que pesa, como se os insones tivessem a obrigação de pagar com olhos secos e arregalados, suas penitências e dívidas.
Pela manhã, no fundo de enormes olheiras, enxergo a ignorância rindo de mim, apontando o indicador e se jogando para trás com enorme prazer.
Insônia também faz parceria coma solidão. E é possível passar um dia inteiro com os olhos em poças de água para não esquecer, ou ao menos, não menosprezar essa presença ilustre.
É fácil identificar essa companheira esfomeada, que devora o repouso, que bebe as energias que restam. Difícil é convidá-la a se retirar.
Insônia come a sensatez, o prumo, a vontade. E palita os dentes com a enfraquecida vontade de acordar com boa disposição.
E chega o amanhecer, levando a noite e as esperanças de um soninho gostoso. A aparência revela o caos vivido. O humor confirma, o corpo se arrasta.
A maior dúvida nesse momento é: Comprar um aspirador para juntar todos os cacos, ou uma mangueira para lavar tudo e levar para longe? Guardar os cacos para se reconhecer ou apostar que a próxima noite será de mais sorte?
É necessária uma ajuda, amiga ou não, profissional ou não. É imperioso descobrir como deixar o corpo e a consciência repousarem.
É vital uma noite de sono e um sonho muito bom para o dia e as ideias amanhecerem mais vivos.
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