Steven Spielberg passou décadas criando cenas que todo mundo reconhece em segundos — e aí, já com a carreira “garantida”, resolveu fazer algo bem menos confortável: olhar pra trás sem transformar a própria história em monumento. “Os Fabelmans” é esse filme.
Ele pega a ideia do “menino apaixonado por cinema” e troca a romantização por algo mais interessante: como filmar vira um jeito de entender a família (e, às vezes, de tropeçar em verdades que ninguém queria encarar).
A trama acompanha Sammy Fabelman (Gabriel LaBelle), um garoto que descobre cedo o fascínio da imagem em movimento e começa a filmar tudo ao redor: brincadeiras, curtinhas de guerra, experiências com efeitos práticos.
Só que o filme nunca fica preso no “olha como ele é talentoso”.
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O ponto é outro: conforme a câmera entra na casa, a casa muda de peso. E quando Sammy grava um inocente vídeo de família, ele percebe — na moviola, frame a frame — que a imagem pode revelar coisas que, ao vivo, passam despercebidas.
O elenco segura essa tensão com uma naturalidade que dá gosto. Michelle Williams faz Mitzi, a mãe artística e imprevisível, com um carisma que alterna encanto e inquietação; é fácil entender por que ela domina o ambiente e, ao mesmo tempo, por que isso cobra um preço.
Paul Dano, como Burt (o pai engenheiro, pé-no-chão), evita o “pai durão” de manual: ele é afetuoso, tenta ser justo, mas tem aquele tipo de racionalidade que nem sempre sabe lidar com emoções que não cabem em planilha.
Seth Rogen aparece como Bennie, o amigo da família que parece trazer leveza — e, justamente por isso, vira peça-chave no coração do conflito.
Spielberg e Tony Kushner (no roteiro) montam a história como uma sequência de momentos que se encaixam sem pressa de “explicar tudo”.
Tem mudança de cidade, adaptação social, escola nova, bullying, primeiro flerte com popularidade, e o cinema sempre ali como ferramenta e problema.
Porque filmar, aqui, não é hobby fofinho: é poder. Sammy aprende que uma boa edição consegue transformar um valentão em piada… ou em mito.
E essa sacada é uma das mais afiadas do filme: a câmera pode ser um abraço, mas também pode ser uma arma social.
Tecnicamente, “Os Fabelmans” parece simples — e isso é um elogio. A fotografia do Spielberg com Janusz Kaminski não grita “olha meu virtuosismo”; ela deixa os sentimentos aparecerem nos espaços: corredores, salas, acampamentos, a luz estourada de um projetor, a penumbra do quarto onde o filme caseiro vira prova.
E quando a emoção aperta, o Spielberg não precisa apelar para truque: ele confia na encenação e no tempo da cena.
A trilha de John Williams vem com aquele toque clássico, mas bem mais contido do que em aventuras — funciona como memória, não como fanfarra.
O resultado é um filme que conversa com quem gosta de cinema, claro, mas não fica fechado numa bolha “cinéfila”. Mesmo se você não liga para bastidores de direção, dá pra entrar pelo lado humano: as pequenas negociações dentro de casa, a tentativa de manter as aparências, a dor silenciosa de perceber que adultos também se perdem.
E tem uma participação curtinha e marcante de Judd Hirsch (tio Boris) que entra como um raio: ele aparece, fala poucas verdades desconfortáveis, e some — deixando o recado ecoando.
Não à toa, o filme foi lembrado pela Academia em sete categorias do Oscar, incluindo Melhor Filme, Direção, Atriz (Michelle Williams), Ator Coadjuvante (Judd Hirsch), Roteiro Original, Trilha Sonora (John Williams) e Direção de Arte/Design de Produção.
Agora, um detalhe importante pra não te fazer perder tempo procurando: a disponibilidade na Netflix varia por país. Ao abrir a página do título no catálogo Brasil, a própria Netflix indica que ele não está disponível para assistir no país.
Se você quiser, eu adapto essa resenha pra virar matéria curtinha de Instagram/TikTok (gancho + 3 pontos + “onde assistir”) mantendo o mesmo tom e sem cair em frases genéricas.
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Fonte: IMDb
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