Tem filme que vem com selo “Cillian Murphy em modo intensidade máxima” e o filme Steve entra exatamente nessa categoria.
Depois do estouro de Oppenheimer, o ator volta em um drama bem menor em escala, mas com um peso emocional gigantesco: 92 minutos que acompanham um único dia caótico em uma escola britânica para adolescentes considerados “casos perdidos” nos anos 90.
A história se passa em Stanton Wood, um internato de “última chance” para garotos com histórico de expulsões, violência e abandono familiar.
Steve, vivido por Murphy, é o diretor que tenta manter o lugar funcionando com orçamento apertado, equipe exausta e uma pressão constante do governo para fechar a escola.
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Ao longo desse dia, ele precisa lidar com visitas, crises entre os alunos e uma bomba prestes a explodir: o anúncio oficial de que o projeto pode ser desligado de vez.
Ao mesmo tempo, acompanha de perto Shy, um dos meninos mais problemáticos e mais sensíveis dali.
O filme se organiza como um recorte de 24 horas em que tudo dá errado ao mesmo tempo. A câmera quase sempre grudada nos personagens, os corredores apertados, as brigas que estouram do nada e os diálogos truncados passam a sensação de que ninguém ali consegue respirar direito.
A proposta de Tim Mielants, o diretor, é jogar o público dentro do caos administrativo e emocional de uma instituição que vive à beira do colapso: barulho, discussões, telefonemas urgentes, discursos políticos vazios, ameaças de corte de verba.
No centro de tudo, está Steve. Murphy interpreta um homem que ama sinceramente aqueles garotos, mas está à beira de desmontar.
A crítica britânica destaca como o personagem aparece sempre tenso: olhar cansado, corpo arqueado, sorriso que dura poucos segundos antes de virar explosão de raiva ou crise de choro.
Por baixo disso, o filme revela um problema sério de álcool e substâncias, que ele tenta esconder da equipe enquanto vende a imagem de “educador forte” para o sistema.
É um papel cheio de rachaduras, e Murphy se apoia justamente nelas para construir uma atuação desconfortável e muito humana.
Apesar do título, Steve não funciona só como retrato desse diretor. A adaptação vem da novela Shy, de Max Porter, centrada originalmente no jovem problemático que dá nome ao livro.
No filme, Shy (Jay Lycurgo) continua essencial: é o aluno que oscila entre a vontade de se destruir e o desejo de ser levado a sério por alguém.
Quando o roteiro alterna entre o olhar de Steve e o turbilhão interno de Shy, o filme ganha uma camada a mais, mostrando duas pessoas em risco na mesma engrenagem – um adulto que tenta salvar o lugar, e um garoto que tenta não se perder de vez.
O elenco de apoio sustenta bem esse ambiente de guerra cotidiana. Tracey Ullman vive a vice-diretora que sabe tudo o que acontece na casa e é, na prática, a linha fina entre disciplina e carinho.
Emily Watson interpreta a terapeuta da escola, figura que escuta mais do que fala, mas entende melhor que ninguém a fragilidade daqueles meninos.
Simbi Ajikawo (a rapper Little Simz) surge como a professora nova, ainda sem casca grossa, tentando encontrar um jeito próprio de se conectar com o grupo.
Essa rede de adultos mostra como é difícil segurar a barra quando o sistema inteiro empurra esses jovens para fora.
Visualmente, Steve aposta em um clima meio áspero: muitas cenas em câmera na mão, luz fria, corredores estreitos e exteriores cinzentos.
A escola parece sempre improvisada, como se pudesse ser desmontada a qualquer momento, e isso conversa diretamente com o tema de financiamento precário e desinteresse político.
A trilha sonora, com forte pegada anos 90, ajuda a situar o tempo sem virar nostalgia limpa e polida; o som chega mais como ruído de época, de um país que estava revendo sua relação com educação pública e juventude considerada “problemática”.
Críticos apontam que o filme às vezes pesa a mão na fragmentação: muitos cortes rápidos, cenas interrompidas no meio, monólogos internos que surgem e somem, como se a montagem quisesse traduzir a cabeça sobrecarregada de Steve.
Tem gente que sente certa distância dos alunos justamente porque o filme corre de um conflito para outro sem respirar muito. Em compensação, essa escolha mantém a narrativa sempre em tensão, evitando melodrama fácil e deixando o desconforto ocupar a tela inteira.
Para quem assiste em casa pela Netflix, o resultado é um drama concentrado, sem cenas sobrando, que conversa diretamente com temas bem atuais: saúde mental de profissionais da educação, criminalização de adolescentes pobres, escolas que trabalham no limite enquanto precisam provar sua “eficiência” para continuar abertas.
Steve chegou ao streaming mundial em 3 de outubro de 2025, depois de passar por festivais e render indicações em premiações independentes, inclusive para a atuação de Cillian Murphy e de Jay Lycurgo. É o tipo de filme que você termina com a cabeça cheia, mas com a sensação de que o tempo investido ali foi muito bem usado.
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Com informações de Rotten Tomatoes
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