Depois que você fica um tempo sozinho, depois que aprende com os relacionamentos que vieram e se foram, você entende um pouco mais sobre essa coisa de amor. Nesse intervalo entre sentimentos, a vida fez questão de me mostrar o que vale e o que não vale a pena no amor. A principal delas, não vale a pena se o amor não for bom para os dois.
Tem gente que custa a entender, mas nenhum amor funciona sem sintonia. Se cada metade não estiver alinhada e preparada, não vale a pena. Inteiros não somam quando alvos do amor em seu próprio canto. O que vale a pena, nesse caso, é a disposição e entrega dos respectivos amantes. A consciência e a tranquilidade para conhecerem e aceitarem defeitos e qualidades, presenças e ausências. No amor, o que vale a pena é a sinceridade, não o engano.
A solidão de um período sem o coração ocupado também é importante na hora de cuidar mais de si. É nessa época em que você parte para novos descobrimentos, onde experiências e conhecimentos são agregados. E a vida te transforma e te apresenta essas janelas para que seja alguém melhor. Encontrar pelo caminho um amor que não tenha passado por esse processo, sinto muito, também não vale a pena. Porque, mais dia ou menos dia, a liberdade perderá o sentido e a cobrança assumirá uma face injusta. No amor, o que vale a pena é a troca, não a diferença.
Tão essencial quanto o amor é a sorte. Sorte de esbarrar com um coração que saiba o significado da maior parte – ainda em construção, do que o amor representa. É cuidado, contemplação, incentivo, discordâncias, dias felizes, dias tristes, problemas familiares, problemas financeiros, cafunés, domingos jogados no sofá, aniversários, honestidade entre quatro paredes, shows no meio da semana, a viagem parcelada em 10x, a saída com só com amigos – e sem ciúmes de ambos os lados, a vontade de não fazer nada, a vontade de fazer tudo. No amor, o que vale a pena é o encontro, não o controle.
E se tem alguma coisa que ficar sozinho ficou claro para o meu amor é, não são todos os dias que um amor assim acontece. Logo, não vale a pena tentar encaixar quem não cabe, quem simplesmente chegou com um tipo de amor completamente distante do seu. O amor é um risco, mas só pague pra vivê-lo se tiver interesse. Mas interesse de verdade. Do contrário, não vale a pena.
Em tempo, no amor, o que não vale e o que vale a pena é a síntese das pegadas que você deixou para chegar até aqui. Vale caso esteja disponível, resiliente e, principalmente, pronto (a) para viver a intensidade e a responsabilidade do que o amor tem como essência. Fora isso, melhor seguir na própria companhia.
Imagem de capa: Indiscreta (1958) – Dir. Stanley Donen
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