Marcel Camargo

É nos detalhes que as pessoas nos ganham e nos perdem

Na família, no casamento, no namoro, no trabalho, na vida: não há relacionamento que não se desgaste. Convivência é algo pesado, que requer atenção e cuidados frequentes, o que poucos parecem estar dispostos a oferecer no tanto que se precisa. Cada detalhe conta, cada pedacinho vazio faz falta, cada vacilo pesa. E é assim que tudo pode desandar.

Estamos atolados de serviços, de trabalhos, de estudos, de compromissos que não se relacionam à nossa vida afetiva. E sobra pouquíssimo tempo para nos debruçarmos sobre o que realmente importa, para ficarmos perto de quem nos ama de verdade, para alimentarmos nossa alma. Corremos atrás das contas, dos boletos, da manutenção da casa, do carro, das vestimentas. Enquanto isso, esquecidos ficam os remendos sentimentais que esvaziam, a pouco e pouco, nossa carga afetiva.

Detalhes são importantes, na matéria e na sensibilidade. Nos objetos e nas pessoas. No que vemos e no que sentimos. Olhar nos olhos, elogiar, perceber o que o outro sente, notar que tem alguém que torce sinceramente por nós: detalhes que não podem passar despercebidos. Muita gente nota um risco no carro, uma fenda minúscula no teto da sala, porém, não consegue perceber traços de tristeza, de carência, de desânimo na pessoa que está todo dia ali do lado.

É preciso deixar o que não faz parte dos sentimentos longe dos momentos passados com as pessoas de nossas vidas. Quando estamos em meio a carinho sincero, precisamos focar no outro, escutar o que não é dito, ver o que não é explícito, olhar para fora do nosso mundinho. As pessoas cansam de ser desprezadas, pois ninguém suporta a invisibilidade, o tanto fez como tanto faz. É necessário deixar claro o quanto amamos alguém, principalmente com atitudes.

Se assim não for, conseguiremos sucesso no trabalho, teremos uma conta corrente vasta, estaremos bem vestidos e bem alimentados, porém, seremos alguém ainda faltando pedaços: os pedaços afetivos, do amor e da sinceridade que alimentam os nossos corações. Estaremos incompletos, porque perdemos os detalhes. Ah, os detalhes…

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Imagem de analogicus por Pixabay

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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