Uma promessa que parece saída de laboratório de ponta ganhou manchetes na Ásia: a Kaiwa Technology, de Guangzhou, diz estar perto de apresentar um robô humanóide capaz de abrigar um útero artificial.
O fundador, Dr. Zhang Qifeng, fala em tecnologia “madura” e protótipo até 2026, com preço estimado em 100 mil yuans (cerca de R$ 70 mil). A empresa apresenta o plano como etapa seguinte de plataformas de gestação extracorpórea.
Segundo a Kaiwa, o dispositivo teria útero bioengenheirado alojado no abdômen do robô, líquido amniótico sintético e circuito de nutrientes e oxigênio que imitariam a placenta.
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A proposta inclui monitoramento contínuo de batimentos, crescimento e marcadores bioquímicos, além de rotinas automáticas para simular contrações e realizar o “parto”. Na narrativa da empresa, o ciclo tentaria reproduzir aproximadamente nove meses de desenvolvimento.
A ideia dialoga com pesquisas anteriores em suporte fetal extracorpóreo. Em 2017, cientistas do Children’s Hospital of Philadelphia mantiveram cordeiros prematuros por semanas em “biobags” — bolsas transparentes com solução amniótica e circulação extracorpórea — para estudar maturação pulmonar e neurológica de fetos muito imaturos. Projetos assim não produzem “gestação completa”, mas mostram viabilidade de fases críticas em ambiente controlado.
Vêm daí, porém, as maiores lacunas técnicas do anúncio chinês. Não está claro como seria a fertilização (in vitro com posterior transferência?); como se daria a integração hormonal que, em humanas, envolve picos finos de progesterona, estrogênios, hCG, lactogênio placentário e outros mediadores; nem que biomateriais comporiam a “placenta” artificial para permitir trocas gasosas, imunológicas e metabólicas com segurança.
Também faltam detalhes sobre prevenção de infecções, controle de pressão e fluxo e resposta a emergências — pontos que hoje exigem equipes multidisciplinares em UTI neonatal.
O projeto também esbarra em questões regulatórias. O Dr. Zhang afirma manter conversas com autoridades de Guangdong para desenhar normas específicas, o que exigiria enquadramento em pesquisa clínica, biosegurança, dispositivos médicos e direito reprodutivo.
Sem um marco claro, ensaios com embriões humanos permanecem altamente restritos em muitas jurisdições, e o transporte transfronteiriço de amostras biológicas adiciona camadas legais.
No campo ético, pesquisadores e juristas apontam dilemas imediatos: comercialização da gestação, assimetria de acesso (quem paga pelo serviço?), status jurídico da criança, direitos parentais, riscos psicológicos e responsabilidade civil em caso de falhas.
Há ainda o debate sobre objetivos legítimos: tratar extrema prematuridade e infertilidade complexa ou abrir caminho a formas de terceirização da gestação com motivações não terapêuticas.
Colocada numa linha do tempo, a proposta tentaria se somar a marcos como fertilização in vitro (1978), doação de gametas, gestação por substituição e criopreservação.
A diferença é de escala biológica: sair do suporte parcial de fetos muito prematuros para um ambiente gestacional completo exigiria engenharia de tecidos, endócrino-mimetismo e algoritmos de controle fisiológico ainda sem validação em humanos.
Em resumo, a Kaiwa apresenta um roteiro ambicioso que combina robótica, biotecnologia e IA para gestação extracorpórea integrada a um humanóide. Enquanto datas e valores são divulgados, provas públicas de segurança, eficácia e aprovação regulatória permanecem ausentes. Até lá, o tema segue no centro de um debate científico e jurídico que deve crescer na mesma velocidade das promessas.
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