Mint, uma jovem de 17 anos, venceu o Miss Tailândia 2015. Um concurso, nos moldes de tantos outros, que premia a beleza de seu país. Desfiles, poses, flashes. Ao final, a moça recebeu uma faixa e uma coroa. Está sendo celebrada e deve ser mais; chegarão os contratos publicitários, as passarelas do mundo estarão abertas para os passos dessa tailandesa.
A história de Mint ganha outro tom quando descobrimos quem é ela longe dos holofotes. Ao ganhar o concurso, a jovem voltou pra casa, encontrou sua mãe trabalhando na busca do sustento de todo dia. A cena é de emocionar; Mint, a miss, se ajoelha aos pés de sua mentora, a catadora de lixo.
O gesto é de gratidão. Mint sabe de onde veio e reconhece quem a formou. Embora daqui pra frente deem os créditos ao glamour, o mundo da moda precisará conviver com a ideia de que foi esta catadora de lixo quem modelou sua mais nova miss.
E aqui, os papéis se mexem. Quem é mais importante? Dirão, os imediatistas de nosso tempo, “a modelo é o foco”. Ela quem desfilará, é dela o charme e a desenvoltura capaz de atrair os olhares. As grifes chamarão pelo seu nome. Dela é o sucesso batendo à porta.
Deveria ser habitual, mas esta história nos comove por ser alguém abraçando uma identidade. Dizendo “eu sou a minha história e não me envergonho disso.” Você pode pensar, pela profissão mencionada, que o fantástico está no seu material de trabalho. Porém, basta nos lembrarmos do alto escalão social, políticos, empresários, com seus incapazes de encarnarem na própria história porque são majestosas vergonhas.
Ainda, Mint nos ensina mais; É preciso ter raiz pra ser árvore forte. A vida dela mudará financeiramente, quem sabe um dia desse venha ao Brasil nos agraciar com sua presença.
Por ora, fico com essa imagem. Não existe miss, nem existe catadora de lixo. Existe Mint. Existe algo além de nossas conquistas, existe a coragem de não perder a essência.
Tome cuidado. O resto parece iluminação confiável, mas é só flash, num piscar de olhos passa.
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