Marcel Camargo

Antes de um abdome definido, tenha os sentimentos definidos

Saber o que, aqui dentro, alimenta as batidas de nosso coração tornará o mundo lá de fora mais belo e rico, ainda que tenhamos pouco. Porque, então, este pouco bastará, porque será tudo de que precisamos.

Já se tornou cansativo ouvirmos que a felicidade não está lá fora e sim dentro de nós. Mesmo assim, ainda tem muita gente buscando a felicidade no que pode comprar, nas pessoas que conquista, no conforto do qual desfruta, sem êxito, sentindo um vazio dentro de si, a despeito de toda materialidade que possui ao seu dispor.

Cada vez mais afastados de si mesmos, daquilo que alimenta a sua essência, muitos indivíduos tão somente visam ao físico perfeito, ao cartão de crédito platinado, ao salário de vários dígitos, não parando, nem por um momento, para escutar as batidas do próprio coração. Não se conhecem e, consequentemente, jamais serão capazes de poder decifrar as carências que povoam o seu íntimo.

Existe uma grande discrepância entre aquilo que as convenções sociais ditam como necessidades urgentes e aquilo que é realmente necessário ao nosso bem estar afetivo. A mídia exalta o que gera lucro, entretanto, os sentimentos não são rentáveis; daí serem ignorados pelo sistema. Infelizmente, riqueza alguma será capaz de preencher os recantos afetivos de nossa alma, a não ser sentimentos verdadeiros, amor com verdade e reciprocidade.

Cuidar da saúde física é necessário, pois, sem saúde, nenhum sentimento ficará em ordem. Conforto material é gostoso, porque todo mundo gosta do que é bom e bonito. Uma carreira de sucesso pode ser almejada, porque nossa realização pessoal em muito nos ajuda a organizar as coisas aqui dentro. Entretanto, focarmos todos os nossos esforços nesse sentido, descuidando-nos das interações humanas, muito provavelmente nos levará a uma riqueza solitária. E isso não é ser feliz, não.

Você pode passar horas na academia. Você pode gastar horrores no shopping. Você pode ambicionar um alto cargo numa empresa de ponta. Somente não se esqueça de si mesmo nesse percurso, tampouco daqueles que sempre estiveram ao seu lado, torcendo pelo seu sucesso. Saber o que, aqui dentro, alimenta as batidas de nosso coração tornará o mundo lá de fora mais belo e rico, ainda que tenhamos pouco. Porque, então, este pouco bastará, porque será tudo de que precisamos.

Imagem de capa: nd3000/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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