Marcel Camargo

Algumas pessoas podem permanecer,em nossos corações, mas não em nossas vidas

A vida é permeada por despedidas, algumas serenas, outras impetuosas, muitas delas contrárias à nossa vontade. Porque a passagem do tempo leva consigo muitas coisas e muitas pessoas, distanciando-nos de quem amamos, retirando-nos o que parecia nosso, encaixando as vidas em seus devidos lugares. E nem sempre esse encaixe vem ao encontro de nossos desejos.

Alguns amigos não poderão estar para sempre por perto, ao nosso lado. As oportunidades que se lhes abrirão poderão levá-los a lugares distantes, a novos rumos, a estradas por onde não poderemos seguir. Poderão se casar com quem não gosta de nós, ou arranjar emprego em outra cidade, outro país. A amizade e o carinho ficam, mas a presença não é uma garantia, nunca será.

Irmãos, da mesma forma, continuarão a seguir, mesmo que a uma larga distância, longe do lar, junto a novas famílias, outras paragens. Os reencontros podem ser constantes, esparsos ou mesmo raros, porque a vida de cada um tem o seu propósito e nem sempre teremos aquele irmão ou irmã querida junto de nós. Eis uma das consequências nem sempre doces da vida adulta.

E, nessa toada, nem sempre ficaremos junto ao amor que imaginamos ser o feito para nós, aquele que cabe perfeitamente em nossa alma. Podemos nos distanciar de quem amamos por conta de oportunidades diferentes que chegam para cada um, em razão de chances de vida em que somente cabe uma das partes, ou mesmo porque nos esquecemos de regar o sentimento que um dia invadiu a nossa essência. Amores também se vão.

Além disso, infelizmente, poderemos ser surpreendidos pela partida súbita que a morte nos impõe, sem mais nem por quê, obrigando-nos a prosseguir sem a presença de quem já era parte de nós, de quem já era nossa história, nossa referência, de quem era tão nosso. Dando ou não tempo de nos despedirmos, fato é que ninguém está preparado para enfrentar a morte de alguém querido, embora ela seja uma certeza única do ciclo da vida.

Como se vê, as pessoas vão embora de maneiras diversas, com ou sem aviso, obrigando-nos a reorganizar toda a nossa carga afetiva, rearranjando tudo aqui dentro de nós, para que não enlouqueçamos, para que sigamos, doloridos, quebrados, mas sigamos. Sorver com intensidade os momentos em que a presença de quem amamos é uma certeza nos ajudará, enfim, a suportarmos a dor de sua ausência, toda vez que a vida assim nos exigir.

Nem todo mundo ficará em nossas vidas, mas os encontros especiais jamais sairão de nossos corações. É assim que a gente continua.

Imagem: Oleggg/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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