Todos já fomos crianças e, como tal, alegres, despreocupados, leves e cheios de energia. Mas, com o passar do tempo, podemos ter esquecido tal modo de viver para assumir nosso posto de “gente grande”. Felizmente, contudo, a nossa criança interior nunca morre. Ela está sempre pronta para ser acolhida e transformar nossas vidas.

No fundo, muitos de nós são apenas crianças assustadas e confusas nesse mundo de “gente grande”…

Mau humor, desânimo e angústia podem demonstrar, apenas, que a nossa criança interior foi deixada para trás, abandonada nos recônditos mais improváveis da nossa alma…

É que quando crescemos (em tamanho), passamos a achar que não precisávamos mais dela, que aquele mundo de brincadeiras e despreocupações havia ficado, definitivamente, para trás.
E pensamos isso provavelmente com orgulho, achando que estávamos “amadurecendo”…

Então, com o passar do tempo, nossa vida foi se tornando um emaranhado de obrigações, incertezas, medo do futuro, emoções borbulhando… E não sabíamos o que fazer com tudo isso…
Percebemos que a tão sonhada vida “de adulto” não era tão legal quanto imaginávamos…

Mas fomos levando, afinal, uma hora as coisas haveriam de se encaixar perfeitamente e tudo ficaria lindo, organizado e prazeroso na nossa vida…

Contudo, o tempo foi passando e isso não aconteceu. Pelo contrário, fomos nos sentido cada vez mais perdidos e vendo o mundo menos colorido…

As atividades diárias – mesmo as mais simples – se tornaram um fardo, e fomos nos arrastando, dia após dia…

Nem lembrávamos mais daquela sensação maravilhosa de levar tudo “na esportiva”, de não se preocupar com o futuro, de tornar tudo brincadeira, de ser curioso, de não ter vergonha de experimentar, de perguntar e de errar, de se empolgar com as mudanças que a vida apresentava… De não levar a vida tão a sério, enfim. Tal qual as crianças, seres ainda não condicionados/corrompidos por um sistema criado meio sem fundamento…

Ocorre que a nossa criança nunca morre! Ela pode estar esquecida, talvez até mesmo machucada ou triste, em algum cantinho escuro dentro da gente. Mas, com certeza, está ali. Basta uma mergulhada em nosso interior para encontrá-la…

E, então, ela vai precisar de um abraço nosso. Um carinho. Um “seja bem vinda de volta”, “venha para ficar”… Um “eu amo você”!
Feitas as pazes, temos que explicar para ela que, a partir de agora, nunca mais iremos esquecê-la! Que ela será parte ativa do nosso viver.

Que vamos acalentá-la quando estiver assustada, compreendê-la , amá-la incondicionalmente e, especialmente, atentar aos seus conselhos…

Vamos, então, reativar nossa criatividade e espontaneidade inerentes. Resgataremos um tanto de pureza, exarcebaremos nossa sensibilidade e reconquistaremos nossa confiança no futuro, a certeza de que ficaremos bem, de que tem alguém maior olhando por nós e de que há um jeito para tudo.

Voltaremos a nos apaixonar pela vida e a ter esperança em um mundo melhor, por mais clichê que isso pareça… Acreditaremos, mais uma vez, em super heróis (que podem ser, até mesmo, de carne e osso), em amigos invisíveis, em seres místicos, em magia… Ouviremos o nosso coração, e o usaremos como bússula!

Deixaremos um pouco de lado a necessidade de ter uma explicação racional para tudo, a vontade de planejar e controlar o futuro, o estresse por nada, a angústia por sei lá o quê e a ânsia por coisa alguma.

Recordaremos que o desânimo, a preocupação e as críticas não servem para nada, não mudam coisa alguma. Que vivemos muito melhor longe desses sentimentos intoxicantes.

Nos concentraremos mais no lado leve, divertido e prazeroso da vida e permitiremos que essa positividade traga à tona o que há de melhor em nós e nos outros.

Lembraremos, enfim, que somos seres genuinamente tranquilos, corajosos e despreocupados. Mas, todavia, também frágeis e carentes, tal qual as crianças. Precisamos de constantes cuidados e atenção.

Por essa razão, não podemos nos abandonar! Precisamos nos amar verdadeiramente. Nos compreender. Nos abraçar. Nos dar força. Nos proteger das coisas, pessoas e fatos negativos ou que nada nos acrescentam. Preservar nossa pureza, nossa doçura e nossa energia.

E, para tanto, necessitamos nos dedicar, verdadeiramente, a cumprir os compromissos assumidos com a nossa criança interior. Ela, que está há tempos aí, esperando que a recordemos.

“Todas as pessoas grandes foram um dia crianças. Mas poucas se lembram disso”. Antoine de Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe.

Imagem de capa: Billion Photos/shutterstock

Susiane Canal

“Servidora Pública da área jurídica, porém estudante das questões da alma. Inquieta e sonhadora por natureza, acha a zona de conforto nada confortável. Ao perder-se nas palavras, busca encontrar um sentido para sua existência...”

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Susiane Canal

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