Marcel Camargo

Às vezes, teremos que magoar alguém para salvar a nós mesmos

Nem sempre poderemos ser simpáticos ou conseguiremos tomar atitudes que não desgostem pessoas pelo caminho, simplesmente porque teremos que optar entre nós mesmos ou o outro. Quando não houver outra saída e estivermos em frente a um dilema que nos atrasa os passos, seremos nós que deveremos agir, ou não sobreviveremos. Muitas vezes, inclusive, nossas ações magoarão certas pessoas, porque existirão sempre escolhas dolorosas.

Poderemos ter que romper com um parceiro que ainda nos ame, por mais difícil que seja. O amor nem sempre é uma certeza sem data de validade, uma vez que se trata de sentimento e sentimentos são imprevisíveis. O amor também morre, por abandono, por desatenção, por descuido, por traição, por carência de alimento e de guarida. Permanecer onde já não há mais cumplicidade, troca e reciprocidade, será uma das piores coisas a fazermos.

Às vezes, teremos que dizer não a alguém muito querido. Nem sempre poderemos atender às solicitações que nos chegam, seja no trabalho, em casa, onde for. Acumularmos tarefas equivale a juntar tralhas emocionais, o que fatalmente nos tornará exaustos e estressados. Porém, nem todo mundo sabe ouvir não, ou seja, provavelmente, receberemos ingratidão e desentendimento, justamente daqueles a quem tanto já nos dispusemos a ajudar, sem hesitação.

Outras vezes, teremos que dizer algo antipático e que há tempos incomoda, ou sufocamos. E então nos sentiremos na obrigação de censurar comportamentos desagradáveis de um amigo, de cobrar atitudes dos colegas de trabalho, de expressar nossa insatisfação com alguém da família, enfim, teremos que ser nada menos do que verdadeiros. Infelizmente, a verdade não é para muitos, pois implica enxergar a si próprio. Poucos entenderão que queremos ajudar e se fecharão para nós.

É complicado termos que conviver com pessoas diversas, cada qual com suas opiniões e sentimentos, o que torna ainda mais difícil conseguirmos agradar quem está ao nosso lado. Sempre há a necessidade de se colocar, de se fazer respeitar, de se tornar alguém que sente, que tem opiniões, que possui algo dentro de si.

Muitos não conseguirão nos compreender e se afastarão, no entanto, quem ficar repousará ali com amor, com inteireza e com retorno afetivo. E isso nos motivará a jamais desistirmos de nós mesmos.

Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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