Marcel Camargo

Às vezes, tem que doer muito, para não doer nunca mais

Para superarmos o que nos fere, é necessário que encaremos e enfrentemos o que nos cabe, mesmo que doa, ainda que machuque, não importando se achamos que não somos capazes.

A gente tem um medo absurdo de sofrer. Queremos nos distanciar de toda e de qualquer dor, seja física, seja emocional. Não suportamos a ausência de felicidade, nem por um segundo. Por isso é que cada vez mais ficamos dependentes de analgésicos e de antidepressivos, uma vez que não permitimos que a dor se aproxime, nem queremos conhecê-la. E ela fica ali, adormecida, mas presente, sempre à espreita.

A questão é que precisamos conhecer e analisar os nossos sentimentos, pois somente entendendo o que estamos sentindo é que conseguiremos lidar com o mundo que corre dentro de nós. Nada lá fora seguirá tranquilamente, enquanto carregarmos pendências internas, camuflando-as através de comportamentos nocivos e medicações excessivas. Uma ou outra hora, aquilo tudo que empurramos goela abaixo explode, irrompendo quaisquer barreiras que encontrar pela frente.

Não existe nada mais inútil do que postergar aquilo que deve ser encarado aqui e agora, seja no mundo prático, seja em nossa carga emocional. Certas coisas e determinados sentimentos não podem ser deixados para lá, para depois, ou continuaremos emperrados no mesmo lugar, sem chances de voltar a encontrar a felicidade. Para superarmos o que nos fere, é necessário que encaremos e enfrentemos o que nos cabe, mesmo que doa, ainda que machuque, não importando se achamos que não somos capazes.

O sofrimento é inevitável, pois somos sentimentos e nem sempre estaremos felizes, bem como erraremos e escolheremos mal, em muitas etapas de nossas vidas, ou seja, viver implica gozo e dor, sendo preciso saber lidar com o que nos chega. É impossível fugir ao sofrimento todo tempo; o que nos resta é enfrentá-lo, mergulhando fundo na tristeza e na dor, para que soframos o que tivermos que sofrer e consigamos sobreviver, livres do que era escuridão, ao encontro da luz que há nos novos caminhos à nossa frente.

Não tenha medo da dor, tema conviver com o sofrimento pelo resto dos seus dias, por medo de sofrer. Quando enfrentamos o que nos fere, tornamo-nos capazes de lutar contra tudo e contra todos que nos fazem mal, criando forças para expulsar de nosso convívio e de nosso íntimo as tralhas emocionais que nada mais fazem do que emperrar a nossa busca pela felicidade.

*O título deste artigo baseia-se em citação de Marcos Bulhões

Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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