Júlia Guglinski

A solidão é capaz de ensinar aquilo que nenhum relacionamento consegue proporcionar…

Já tive medo de ficar sozinha, descartada como uma pessoa que não pudesse acrescentar em nada a vida de outra. Mas a solidão me ensinou onde está o tesouro da verdadeira relação à dois.

Carência, desespero ou insegurança, não importa os motivos que levam o ser humano a buscar cada vez mais o aconchego “à dois”, mesmo que seja genérico ou superficial. Nessa trilha pelo plural modo de se relacionar, vamos passo à passo nos esquecendo da nossa essência inicial, bruta, nua e desprendida de qualquer respiro conjugado.

O medo de viver sozinho se tornou crônico, as pessoas se contentam com carinhos inoportunos, porque preferem exaltar o capricho ao invés de fortalecerem primeiramente seus ideais. Como saber o que sentir consigo mesmo, se repetidamente nos entranhamos com uma segunda pessoa? Onde se encontra aquele “brio” impetuoso que faz de nós, seres únicos sem acréscimos de personalidade e defeitos que não nos pertence?

Somente dispensamos de plenitude quando transbordamos em nós mesmos, para então, podermos avaliar onde entraria um agregado de almas para compor nossa existência. Algumas receitas básicas de amadurecimento só obtemos através da nossa própria companhia.

É na solidão que nos encontramos, que nos conhecemos… que resgatamos qualidades encobertas ou libertamos defeitos quase permanentes. Na solidão contamos quantas lágrimas conseguimos dispensar pelo rosto, como também aprendemos a hora de prendê-las.

Sozinhos descobrimos qual cobertor nos aquece, qual palavra basta e descartamos o que nos parece desnecessário. Estar com si próprio é algo desafiador, uma batalha interna…

O momento de solidão pode ser diferente, momentâneo, até mesmo uma passagem nebulosa, mas  que se mostra imprescindível para o autoconhecimento, pois valoriza o encontro pessoal com nossas virtudes e presenteia-nos com uma sabedoria única que nos fará mais encantados pela vida.

Não seja sozinho se isso te deixa triste, contudo, saboreie a solidão no seu mais profundo silêncio.

Quando a gente se encharca de nós mesmos, quando nos reencontramos com a nossa vivacidade interior e aprendemos a lidar com todos os defeitos que respeitamos em nós, estamos prontos para novas etapas, para começos imprevisíveis, e todo tipo de escolhas coloridas que surgirem em nossa frente. Dessa maneira a insegurança acaba, o tédio sucumbe, e a indiferença com a vida não pode mais se nutrir.

Quando aprendemos a nos amar por dentro,  o amor pelo outro será consequência do que emana de mais precioso dentro de nós.

Imagem de capa: Kichigin/shutterstock

Júlia Guglinski

Treinadora e comportamentalista de cães. Atriz de teatro, cantora e compositora.

Share
Published by
Júlia Guglinski
Tags: solidão

Recent Posts

AGORA! Zezé DiCamargo se recusa a se retratar, e filhas de Silvio Santos entram com processo contra o cantor

Você não vai acreditar no montante que o cantor pode perder na Justiça 😱

2 dias ago

SBT acaba de tomar decisão bombástica sobre o Especial de Natal de Zezé Di Camargo

Especial de Natal de Zezé Di Camargo vira dor de cabeça e SBT toma decisão…

2 dias ago

Após festa com Lula no SBT, Zezé Di Camargo perde a paciência e toma atitude extrema com a emissora

Zezé Di Camargo reage a Lula no SBT e faz pedido polêmico envolvendo seu especial…

2 dias ago

Brasil tem regiões com chance de microexplosões e tornados neste fim de semana; veja em quais estados

⚠️ Rajadas intensas, granizo e chance de tornado: previsão liga sinal de atenção para várias…

5 dias ago

Usado por milhares: Anvisa manda recolher tônico ‘fajuto’ e veta 30 produtos vendidos online

Anvisa derruba tônico capilar famoso e proíbe 30 produtos vendidos livremente online ⛔

5 dias ago

George Clooney estrela filme perigosamente atraente da Netflix que vai dar fôlego às suas noites a dois

Um convite à noite a dois: filme da Netflix com George Clooney no clima certo…

5 dias ago