Marcel Camargo

Sentimento deveria ser feito lâmpada: queimou, a gente troca

Perder tempo insistindo com o que não tem mais jeito, com o que já era, com aquilo que saiu para nunca mais, é algo a ser evitado. Isso com pessoas, com lugares, com sentimentos, com o que for. Nada do que se esgotou tem chances de se retomar, o que já deu o que tinha, o que já não tem o que possa ser reaceso, o que findou para sempre. Ter a noção do que já não está mais ali nos salvará de muitos dissabores ao longo de nossa jornada.

Sim, uma coisa é o tratamento dispensado a objetos, outra coisa é lidar com sentimentos que envolvem pessoas. Desvencilhar-se de um relacionamento não é tão simples quanto jogar fora um tênis usado, uma vez que o que está em jogo são memórias e lembranças afetivas, idealizações de nosso coração e sonhos que alimentam a nossa essência. Falhar no amor dói, porque ninguém quer que o relacionamento dê errado.

Parece que tem muito mais gente envolvida nos sentimentos entre duas pessoas, uma vez que, quando entramos na vida de alguém que também entra na nossa vida, a gente se mistura com os amigos, com a família, com tudo o que o outro vive. E a gente se abre ao parceiro, compartilhando mais do que só a gente, porque nós nos doamos, nós nos entregamos por inteiro, a gente soma e transborda no amor verdadeiro.

Daí a dificuldade em nos afastarmos de um relacionamento, pois também nos afastaremos de muita coisa e de muitas pessoas de quem gostamos, com quem também construímos histórias afetivas que guardamos em um lugar especial dentro da gente. Portanto, decidir colocar um fim num relacionamento implica ter que deixar para trás muitas coisas boas, pessoas especiais, lugares aconchegantes. Trata-se de deixar toda uma vida, uma história, uma carga intensa de emoções. Isso faz tudo doer ainda mais.

Vem daí essa dificuldade, essa hesitação que toma conta de nós quando queremos dar um basta no relacionamento que já acabou, que já esgotou, que nos esgotou e desgostou, porque é inevitável colocarmos na balança das indagações não só o parceiro, mas tudo aquilo que ele carrega, todos aqueles que ele trouxe para junto de nós. Mesmo assim, cabe-nos perceber que romper com quem nos intoxica não necessariamente nos afastará das coisas e das pessoas boas que ele nos fez encontrar. O que é ruim a gente expulsa, o que é bom a gente mantém. É bem por aí.

Imagem de capa: michaeljung, Shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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