Ana Macarini

Se você é capaz de comer um único “BIS” este texto não é para você!

Já que a vida é feita de pequenas coisas, com algumas eventuais grandes vitórias, tombos, tristezas ou alegrias… Hoje vamos falar das pequeninas coisas que nos desafiam, “táoquei”?

Eu sempre tive uma enorme curiosidade por saber quem foi a diabólica pessoa que inventou um microchocolatinho entremeado por biscoitinhos crocantes e creme de chocolate, mais uma casquinha de outro chocolate e, ainda por cima, deu a esta invenção do capeta o nome de “BIS”.

O docinho em questão vem numa desafiadora embalagem contendo vinte unidades. Enquanto a tal embalagem estiver fechada, os danadinhos ficam lá de dentro chamando você “Abre! Abre! Abre!”. Aí, o que é que você faz?! Abre, é lógico.

Depois de aberta, meu amigo… já era! Você vira um incauto refém dessas pequeninas criaturas. E, se for uma pessoa normal, há de comê-los todos, torcendo para que ninguém apareça no meio do processo para atrapalhar sua experiência devoradora.

Quando eu era pequena, de vez em quando meu pai aparecia no final do dia com uma caixinha de “BIS”, para comermos de sobremesa depois do jantar. Em parte, era porque a grana era curta, em outra parte, era porque minha mãe tinha sérias restrições à ingestão de guloseimas durante a semana. Éramos sete lá em casa: meu pai, minha mãe, minhas duas irmãs, minha avó, uma tia e eu. Bem, não tem o número 20 na tabuada do 7, certo? Sendo assim… dava 2 chocolatinhos para cada um e sobravam 6. Quem comia os 6 docinhos restantes? Não faço a menor ideia. Só sei que não era eu; porque se fosse, eu certamente me lembraria.

Enfim… Comer 2 “BIS” é quase do mesmo tamanho da sacanagem de comer um só!
A outra questão que envolve a existência dessa diabólica invenção da indústria do chocolate: como comer o “BIS”? Há quem vá roendo o bichinho, da ponta até a última dentada, são os destemidos. Há, ainda, quem desfrute da iguaria, comendo-a camadinha por camadinha, são os detalhistas. E, obviamente, há os mais afoitos que enfiam o danadinho inteiro na boca – acho que meu pai fazia isso, se não me falha a memória.

Well, well… se você chegou até aqui na sua leitura, deve estar pensando que diabos tem o “BIS” a ver com as pequenezas da vida? E, mais ainda, que diferença faz o jeito de comer se, no fim das contas, vai tudo pro mesmo lugar mesmo?

Ora, ora… o “BIS” daria praticamente um compêndio acerca da natureza humana. Pensa bem… Começa com a decisão de comprar ou não comprar a tal diabólica caixinha contendo vinte diabinhos doces. Você pode topar com eles no corredor dos chocolates, certo? Logo, se não quiser ficar exposto a esta tentação, basta evitar essa área do mercado, certo?

Errado!!! Sempre haverá uma caixa de “BIS” para desafiar você naquelas gôndolas que ficam bem na fila do caixa. É nessa hora que você prova que é forte e resiste. Ou prova que é normal e pega uma caixa do bombom (se é que já não pegou uma lá atrás!).

Aí vem a parte de chegar em casa e tomar a dificílima decisão: dividir ou não dividir, eis a questão! A menos que você more sozinho, ou sozinha, vai ter de lidar com esse dilema. Optou por dividir, basta colocar a caixinha na roda. Optou pelo prazer solitário? Vai ter de conviver com a culpa degradante de esconder o negócio na gaveta de calcinhas ou cuecas, ou outro esconderijo mais criativo. Isso é com você!

Então vem a não menos difícil decisão: quando abrir! Sim, porque como já disse anteriormente, se abrir e tiver concorrentes, vai ter treta; se a abertura ocorrer na deliciosa solidão, vai ter orgia alimentar.

Por fim, vem a constatação: sentir-se feliz e satisfeito com a ingestão de gordura, açúcar e carboidratos e desfrutar da poderosa liberação de endorfina e serotonina; ou, martirizar-se pela culpa de não ter sido capaz de resistir ao pecado da gula.

Numa rápida avaliação, o “BIS” divide a população mundial (será que tem “BIS” em toda parte do mundo?) entre fortes e normais; destemidos, detalhistas e afoitos; egoístas e altruístas; libertos ou reféns da culpa.

Se você é capaz de comer um único “BIS”, repito: ESTE TEXTO NÃO ERA PARA VOCÊ! No entanto, se você chegou até aqui, mesmo sendo capaz dessa proeza, o “BIS” também o define… Será você um exemplo de persistência, ou é só teimoso mesmo? Confessa aí, meu chapa! Beijos achocolatados pra vocês, porque hoje – só hoje -, eu vou comer uma caixa inteirinha sozinha!!!

Ana Macarini

"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

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