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Que tal um passeio pelo Peru? Vamos a Arequipa!

Por María Beatriz Valdivia

Arequipa, a cidade branca, cidade única.

Fundada em 15 de agosto de 1540, ela conta com mais de 1.000.000 de habitantes e atualmente é a segunda cidade do Peru. Declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, é uma cidade pluricultural, no coração dos Andes, a mais de 2300 metros de altura. Sua singularidade radica na conjunção de múltiplos fatores: a contribuição europeia, o material vulcânico das suas construções, a influência indígena e os terremotos, responsáveis pela solidez dos seus muros.

Seu clima é aprazível e ensolarado; o período de chuvas vai de janeiro a março e o resto do ano tem sol permanente.

Cidade de gastronomia requintada, imponentes templos coloniais, uma área rural idílica, vulcões, a marca da história presente a cada passo e até seu próprio passaporte!

Misti

A presença marcante na culinária arequipenha é o camarão, um crustáceo de rio, característico da região. Destacam-se as “frituras” e o lendário “chupe de camarões”. A variedade e o sabor das frutas peruanas, mundialmente reconhecidas, estão presentes também nos mercados de Arequipa.

Dizem que os arequipenhos têm um marcado sentido da identidade e que a Praça de Armas da cidade é uma das mais belas do Peru. Contam ainda que até 1868 o lugar era um grande mercado ao ar livre. Três dos quatro lados da praça estão rodeados de portais, outra manifestação de um estilo nobre e majestoso. No centro histórico, alguns casarões foram transformados em hospedagens aconchegantes, onde o visitante encontrará o conforto dos dias de hoje no seio do encanto de outrora.

Praça de armas

Quase todas as construções são de “sillar”, pedra vulcânica, por isso a denominação de “cidade branca”. O sillar não é a lava solidificada dos vulcões, senão a enorme nuvem de cinzas que se depositou no solo milhares de anos depois de uma erupção. Extrai-se em grandes blocos que viram tijolos, com ajuda de um cinzel. Ainda hoje é usado na restauração das casas coloniais e em igrejas, e faz parte da identidade arequipenha. Pode-se dizer que a cidade toda é como uma oferenda ao Misti, seu famoso vulcão de 5800 m de altura.

Mirante de Yanahuara

Arequipa é dividida pelo rio Chili, tributário do Quilca, que desagua no oceano Pacífico, e há várias pontes que comunicam a urbe com seu lado colonial e com as zonas residenciais. A ponte Bolognesi, de quatro séculos, a ponte Grau, com seus belos arcos, e a ponte Bolívar ou ponte de ferro, desenhada por Gustavo Eiffel para a ferrovia. Esta última ponte permite atravessar o ponto mais largo da quebrada do rio Chili.

Ponte Bolognesi
Ponte Bolivar

Durante a colônia foram construídos os “tambos”, lugares aonde chegavam os arrieiros da costa e do planalto. Arequipa era uma cidade comercial e estes eram os pontos principais de fornecimento para os comerciantes que chegavam em caravana.

A Catedral da cidade é um museu e um templo vivo, com seu órgão do século XIX.

Catedral

No centro, encontra-se a “Casa del Moral”, o primeiro casarão colonial a ser totalmente restaurado e transformado em museu. A fachada apresenta um interessante trabalho em pedra sillar. É uma típica residência do século XVIII e deve seu nome à centenária amoreira que há no pátio principal. Para visitar também, a “Casa Goyeneche”, do arcebispo José Sebastián de Goyeneche Barrera, a mais bela residência da época, atualmente administrada pelo Banco Central da Reserva.

Casa del Moral

Quem quiser caminhar, deve conhecer o bairro de São Lázaro a cinco quarteirões da praça. Poderá encontrar a Arequipa de quatro séculos atrás: aprazível e com estreitas ruazinhas empedradas. É o bairro mais antigo da cidade, orgulho dos arequipenhos.

Rua de São Lázaro

No setor rural, o distrito de Sabandia, que possui um dos moinhos aonde chegavam os grãos do campo para serem processados. Eram moídos o trigo, a cevada e o milho preto para fabricar uma bebida típica da região, a “chicha de jora”.

Moinho de Sabandia

Yanahuara, o lugar mais importante do vale no período pré-hispânico, é um setor cheio de restaurantes, com um mirante espetacular. Nas celebrações deste distrito é habitual o consumo de “queso helado”, sorvete preparado em forma artesanal.

La Lucila, dona da picanteria de Sachaca

No distrito de Sachaca, encontra-se uma das picanterias mais famosas: La Lucila. A sua proprietária tem 95 anos, mas ainda dirige o local, embora cozinhem suas filhas e sobrinhos.

Na arquitetura religiosa destacam-se:

A Companhia de Jesus, edificada no S. XVII, de estilo barroco;

O Mosteiro Franciscano La Recoleta, fundado em 1649, de estilo romântico e neogótico, em pedra sillar, conta com peças de arte pré-colombiana e religiosa. Possui uma pinacoteca e uma biblioteca, com livros dos S. XVI e XVII;

O Mosteiro de Santa Catalina de 1580, uma cidade dentro de outra. São 20.000 m2 para abrigar as filhas das famílias mais ricas com vocação religiosa. A clausura é absoluta e já viveram nele até 400 freiras. Elas só rezavam, tinham servas para os afazeres domésticos. Atualmente só abriga um grupo reduzido de religiosas.

Mosteiro Santa Catalina
Santa Catalina

A riqueza do artesanato da região se remonta aos principais elementos da sua arquitetura colonial: ferro e sillar. Arequipa abriga também uma grande quantidade de tradições como sua música e lá se fabricam instrumentos musicais seguindo técnicas ancestrais.

Outra manifestação artística: os tecidos de alpaca, os mais vendidos no sul do país. A lã de alpaca pode mostrar uma ampla gama de cores, graças ao uso de corantes naturais. A técnica da tecelagem é transmitida de geração em geração e cada trabalho é único.

Quer comer chocolate? Os chocolates em Arequipa identificam-se com uma fábrica: La Ibérica.

La Ibérica chocolates

A criação de cavalos de paso é também uma atividade importante para o camponês.

Conheça Arequipa!:

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María Beatriz Valdívia

Professora de francês e português, trabalha com grupos de estudantes a partir dos 16 anos em cursos abertos à comunidade. Acredita que a atividade docente, a interação com os alunos e as amizades conquistadas ampliam horizontes e alimentam sonhos. Escreve sobre sua terra natal, a Argentina, assim como sobre tudo o que tenha a ver com desenho, pintura, viagens e literatura, temas que permitem conhecer e compreender outros jeitos de ser e viver, outros olhares.

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María Beatriz Valdivia

Professora de francês e português, trabalha com grupos de estudantes a partir dos 16 anos em cursos abertos à comunidade. Acredita que a atividade docente, a interação com os alunos e as amizades conquistadas ampliam horizontes e alimentam sonhos. Escreve sobre sua terra natal, a Argentina, assim como sobre tudo o que tenha a ver com desenho, pintura, viagens e literatura, temas que permitem conhecer e compreender outros jeitos de ser e viver, outros olhares.

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