OU AMOR OU PAZ OU FELICIDADE, por Fabrício Carpinejar

Há sempre uma confusão entre amor, felicidade e paz, como se fossem sinônimos.

Um equívoco é achar que no amor terá paz e felicidade. Ou na paz terá felicidade e amor. Ou na felicidade terá paz e amor.

Esqueça a mania de combos e pacotes.

Eu vejo que são ideais que não estão interligados. Há um contingente treinado para o amor, uma parte para a paz e ainda mais um grupo feito para a felicidade.

A opção surge de condicionamentos, costumes e crenças ao longo da vida, às vezes inconscientes.

Certo é que escolheu um partido sentimental na adolescência, que definirá a natureza de seus relacionamentos dali por diante.

Pode ser a separação dos pais que gera uma obsessão pelo amor ou um temperamento arisco que propicia um apreço pela paz ou a troca constante de residência que cria uma simpatia pela felicidade (improvisar e se aventurar, sem prestar contas).

São fórmulas diferentes de existência, softwares de alma diferentes.

O que provoca o maior confronto no casamento ou namoro.

O casal pode ser formado por aquele que mantém o ideal do amor e aquele que deseja a paz. E eles não percebem o conflito desde a nascente e o desgaste penoso de comunicação.

Enquanto ela – filiada ao amor – não tem nenhum problema em se entregar, em ser dependente, em estar perto e realizar planos conjuntos, ele – ligado à paz – somente aspira à tranquilidade, garantir seu espaço e proteger seus gostos individuais.

A primeira reparte seus mínimos acontecimentos, arruma surpresas e inventa agenda romântica, o segundo é mais quieto e lacônico, pretende permanecer mais na sua rotina, e não entende a costumeira insistência de mais e mais encontros. Por sua vez, a primeira também não compreende a frieza de seu namorado, que prefere se manter distante alguns dias e horários.

Não participam da mesma conversa e entram em choque. Um não é melhor do que o outro, apenas não captaram a essência antagônica.

Presos a um consenso de que se gostam, não identificam os objetivos divergentes. Estão ligados pela convivência, mas separados conceitualmente.

Os ideais de vida são opostos, fazendo com que ambos briguem com frequencia e tenham a sensação de que amam errado (jamais agradando ao seu par).

As vontades, absolutamente naturais e soberanas, em contato com a companhia, assumem contornos problemáticos de exigências.

Quando as reclamações são por mais tempo lado a lado, a pessoa é do time do amor. Quando as reclamações orbitam pelo respeito e maior espaço, a pessoa claramente está vinculada ao time da paz. Quando as reclamações decorrem por mais leveza e menos drama, a pessoa pertence ao time da felicidade.

Um exemplo é quando sua namorada adoece no domingo. Quem é da ala do amor, mesmo que tenha acordado alegre e disposto a passear, vai se solidarizar a ponto de não pensar em mais nada. O abatimento dela influenciará o seu temperamento. Mudará suas pretensões para amparar, confortar e cuidar. Quem é da ala da paz, seguirá com seus planos, o incidente não alterará seu humor, acredita que ela melhorará e se mostrará atento em caso de alguma necessidade. Quem é da ala da felicidade, ainda se sentirá ofendido pelo transtorno, já que ela estará estragando sua possibilidade de aproveitar o final de semana.

Sorte é de quem é do amor e encontra alguém do amor, é da paz e encontra alguém da paz, é da felicidade e encontra alguém da felicidade. Daí, com menos esforço, amor, paz e felicidade são capazes de vir juntos.

Fabrício Carpinejar

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