Marcel Camargo

O preço das roupas não significa elegância

Os valores estão tão distorcidos ultimamente, que muitos confundem o que se vê com o que se é, atrelando as aparências à verdade, o que não corresponde à realidade dos fatos. Perdeu-se a capacidade de olhar para além do que está materializado ali na frente, como se a perfumaria fosse capaz de mostrar a essência, como se asseio e materialidade pomposa pudesse ser aquilo que define as pessoas.

Na verdade, a elegância está em extinção, algo raro, difícil de se encontrar. Não se trata, aqui, da elegância por si só, visível e materializada pelas roupas de grife ou pelo carro do ano, mas da forma como tratamos o semelhante, como nos comportamos diante da vida, em tudo de bom e de ruim que ela traz. Pessoas elegantes podem se vestir humildemente, pois jamais perdem a classe, que é nada menos do que essência humana.

A elegância faz parte de tudo aquilo que temos dentro de nós, dentro de nossos corações, de tudo aquilo que nos move, o que transparece em nossas ações, na forma como nos relacionamos com o outro, sobretudo na maneira como nos comportamos em relação a quem não nos oferece nada em troca. A elegância tem a ver com a força de nosso caráter, com nosso olhar além de nós mesmos, com nossas ações quando não tem ninguém por perto, quando ajudamos sem segundas intenções.

Pessoas elegantes não forçam situações, não mendigam atenção, não precisam da aprovação alheia, não sentem necessidade de aparecer, aliás, destacam-se naturalmente onde e com quem estiverem, pois seus olhos sorriem, olhos sinceros. Bastam-se por si mesmas, amam-se, aceitam-se, conhecem os próprios limites, percebem-se imperfeitas. Tentam, mais do que julgar, entender; mais do que rotular, acolher. A gente se sente tão bem perto delas, simplesmente porque estão ali com verdade.

Infelizmente, essa confusão entre aparência e essência acaba muitas vezes nos afastando de encontros mágicos, incapazes que ficamos de nos demorar junto às pessoas, para reconhecer o que existe de verdadeiro em cada uma delas. A pressa em obter aquilo que podemos pagar e pegar infelizmente nos impede de perceber que o que teremos de mais bonito e essencial em nossas vidas e que nos eternizará nos corações que nos amam com sinceridade é tudo aquilo que dinheiro algum paga, pois não tem preço: as mãos entrelaçadas, o importar-se, o olhar que vai e volta, os beijos roubados, sorrisos rasgados, o gozo sincero, o ser, inteiro, de corpo e alma.

Imagem de capa: Reprodução
Texto publicado originalmente em Prof Marcel Camargo

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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