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O momento perfeito para dar uma boa olhada para trás

Quase como uma regra, valorizamos o quanto podemos as perdas e fracassos, atribuindo uma importância gigante e, por consequência, responsabilidade e culpa, as pesadas e enferrujadas correntes.

E vamos acumulando, enchendo a sacolinha, colocando mais um franzido na testa, aborrecidos e contrariados, correndo inutilmente atrás da tão sonhada perfeição, invencibilidade e garantia de todas as vitórias possíveis.

Uma doce ilusão que nos empurra para frente, apesar da sacolinha cada vez mais cheia e pesada.

Chega então o momento da pesagem, a balança já ficando desequilibrada, o pessimismo e as desilusões fazendo um contrapeso parrudo, e bate na porta a depressão. Ela quer muito entrar e fazer ninho quentinho no emaranhado das coisas e causas mal resolvidas, promete um doce e suave torpor, um soninho que não passa, aquela vontade de ficar somente olhando para o teto.

É hora então de buscar rapidamente a caixa com aquelas fotografias antigas, as de papel amarelado, de saudades, de lembranças guardadas e amores correspondidos. E são tantos, tão intensos, tão importantes para o que somos hoje, mas que malvadamente não contabilizamos como o fazemos com as perdas.

Se não houver fotos para ilustrar , a memória, mesmo que pelas metades ou terços ou flashes.
É momento de contabilizar os amores correspondidos, todos eles. A moça da padaria que escolhia o pão doce mais bonito, os cachorros da casa, a primeira melhor amiga, a professora que desenhava coraçãozinho no caderno, o irmão implicante, os primeiros amores…

Olhar para trás para encontrar novamente o lugar de onde veio, as risadas, os colos e abraços. E tentar conectar o hoje com todos esses momentos, não perder-se nas desilusões e decepções. Lá atrás também elas existiram.

Importa portanto, dar essa boa olhada para trás e sentir-se tão confortado quando possível, agradecer aos amores correspondidos e até aos platônicos e impossíveis, pois o exercício sempre nos leva a outro degrau. E se hoje a sacolinha de desilusões está pesando, talvez seja hora de jogar um bocado delas fora e trocar por umas leves e perfumadas lembranças. Afinal, é disso que também somos feitos!

Emilia Freire

Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.

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Emilia Freire

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