Jocê Rodrigues

No amor, somos todos marinheiros de primeira viagem

Quando a gente encontra o amor da nossa vida, a gente sabe. Simplesmente sabe. É como chegar em casa e, mesmo sem olhar direito, saber que alguém andou mexendo na estante de livros ou no porta-retratos. Tudo está igual e ao mesmo tempo diferente. Tem um zumbido no sangue, sabe como é?

Desde o primeiro beijo, do primeiro abraço, a gente sabe. Sabe na hora que aquela pessoa é a casa onde a gente quer morar e criar gato, cachorro, filho e papagaio. Neste momento, não tem pra onde correr, meu amigo. Vem como um raio. Direto na cabeça. Bum! É indefensável, rápido feito manada de cavalos selvagens correndo no campo. Uma cena bonita de ver, mas que também dá medo, te deixa em choque.

Quando acontece, a gente se dá conta de que todo o resto, tudo o que veio antes, foi só areia no deserto que o vento levou. Cai a ficha de que tudo que aconteceu antes desse momento foram apenas horas, dias, anos, perdidos entre cafés e cigarros. A partir daí, parceiro, o mundo vira outra coisa.

O uísque tem mais cor, o conhaque tem mais sabor e até o vinho mais mequetrefe vira um pinot noir de primeira. A música ganha sentido, até aquela que há pouco tempo não dava pra entender bulhufas. Entende o que eu quero dizer?

Mas, cuidado. Quando isso finalmente acontecer, manter vai ser o seu principal desafio. Você vai precisar matar um leão por dia. Essa coisa de que amar é algo leve e descomplicado é papo furado. Pura propaganda enganosa. A realidade é que você vai precisar de muita coragem e paciência.

Mas quer saber? Vai ser a tarefa mais recompensadora que você terá em toda a sua existência. Vai ser o seu vício. Seu sono e sua insônia. Seu riso e seu choro. Simples assim. Às vezes você pode até pensar em desistir, é verdade, mas logo vai cair em si e perceber que estaria cometendo o pior erro que poderia.

Sabe por quê, pequeno gafanhoto? Porque isso é coisa pra acontecer só uma vez na vida. Vai por mim, você vai saber. Não tem como errar. Até o mais lerdo é capaz de perceber quando sua vida acaba de mudar da água para o vinho. Você sente na pele, sente queimar nos seus ossos.

É por isso que dizem que o amor dói. Porque ele consome o que você costumava ser. O processo pode ser um pouco incômodo no começo. Mas é uma dor que cura, é importante que você saiba. Como uma cicatriz que se fecha, curando e apagando as feridas do passado.

“Mar calmo nunca fez bom marinheiro”, diz o velho provérbio inglês. E quando se trata de amor, não existe velho lobo do mar. No amor, somos todos marinheiros de primeira viagem.
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Jocê Rodrigues

Editor, escritor e jornalista.

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