Somos humanos passíveis de erros, isso é fato inconteste e nos é lembrado incansavelmente todos os dias. Todos já lemos ou ouvimos falar sobre a importância dos erros em nossas vidas, sobre o quanto ganhamos com eles e, ainda assim, a maioria de nós não se permite errar, o que certamente tanto atrapalha nosso equilíbrio interior quanto diminui o potencial do alcance de nossas ações.

Nossos erros tomam a dimensão exata da importância que lhes dermos. Se errar é preciso e ninguém fugirá a isso, urge a necessidade de aprendermos a lidar com o nosso errar, ou permaneceremos paralisados sob o peso de nossas imperfeições, que muitas são. Não adianta querer acertar sempre e com todo mundo, ou seja, o perfeccionismo extremo acarretará cobranças além das necessárias, condenando-nos diariamente em quase tudo o que fizermos.

Há quem erre deliberadamente, tendo consciência de que não deveria proceder daquela maneira ou agir daquela forma, colocando interesses à frente de tudo, como no caso de quem trai, adultera os fatos, mente. Nessas situações, os erros não serão úteis, pois provavelmente não forçarão à analise do que foi feito, de forma que se tentem mudar atitudes e comportamentos para que se evite repeti-los. Querer errar propositadamente só traz tristeza e decepção aos envolvidos, nada mais.

Errar quando se tenta acertar, pelo contrário, deve ser encarado como uma nova chance que temos diante de nós para mudarmos o que for preciso, para refletirmos acerca de nossos atos, quanto às consequências que eles trazem para nós mesmos e para quem nos rodeia. Teremos, então, que entender que agimos como sabíamos, intencionando o melhor; era o que tínhamos para dar naquele momento e o fizemos com sinceridade.

É preciso, assim, diferenciar os erros honestos dos premeditados. Errar quando se tentou acertar nos absolve de muita culpa, pois nossas intenções não objetivavam prejudicar a ninguém. Já errar de propósito, para atingir a finalidades egoístas, sem se preocupar com o que ou com quem possa atropelar nessa empreitada, implica desvio de conduta. Agir em acordo com o ritmo da vida em que estamos inseridos é sempre desejável, mas nem assim estaremos sempre tomando as atitudes certas.

Psicólogos e pedagogos consideram o erro importante para que avancemos em nosso desenvolvimento pessoal, em todos os sentidos. Mas é preciso refletir sobre o erro, analisando as suas causas, o porquê de termos errado, entendendo a forma certa de solucionar os diversos problemas que teremos pela frente, na escola e na vida. Ignorar o erro, menosprezando-o e furtando-se de confrontá-lo, não possibilitará que mudemos para melhor, ou seja, não evoluiremos, não nos tornaremos mais gente, como tem de ser, e assim estaremos fadados a cometer os mesmos erros, sempre, com todo mundo.

Portanto, faça um grande favor a si mesmo e erre, mas erre muito. Só erra quem faz, quem age, quem ousa vencer seus medos, quem acredita nas próprias verdades, sendo capaz de assumir seus atos e não se acovardando diante do inesperado. Erra quem se lança à vida com honestidade, quem é capaz de enxergar a si mesmo e perceber a extensão de suas atitudes nas vidas alheias, quem é seguro de si ou procura sê-lo, acima de tudo. Errar com honestidade é abrir-se ao desconhecido, querendo de volta o que a vida tem de bom, é não temer os olhares alheios, buscando se aprimorar a cada dia, desejando o melhor para si e para o próximo. Permita-se errar, permita-se viver.

Viver sem medo dos equívocos é preciso, pois nem sempre teremos razão, nem sempre agiremos do modo mais acertado, tampouco estaremos livres de sermos confrontados com as consequências do que fizemos. Agir querendo acertar é tudo o que podemos fazer, é o que nos resta diante da imprevisibilidade da vida à nossa frente. Precisamos ter a certeza de que somente agindo e tentando, enfrentando o temor ao fracasso, é que poderemos acertar e dessa forma nos posicionar frente ao mundo e contribuir para que nosso lugar se torne cada vez melhor de se viver. Afinal, erraremos muitas e muitas vezes, mas o prazer que os eventuais acertos nos permitirão experenciar acabarão sempre compensando toda a dor inerente ao enfrentamento da vida, sem dúvida alguma.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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