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Não levem vidas de silencioso desespero. Façam das suas vidas algo extraordinário!

Vejo uma geração que finge ser feliz o tempo inteiro, mas esconde medos e fobias. Vejo uma geração que procura, de todos os modos, manter uma imagem de sucesso, mas não consegue ter tranquilidade para dormir à noite. Vejo uma geração que se preocupa apenas em atender aos padrões de comportamento criados por pessoas que sequer sabem que ela existe. Vejo uma geração que, por trás de uma imagem de autossuficiência, esconde tristeza, insônia, depressão e ansiedade. Vejo uma geração que deixa o tempo escorrer pelas mãos. Vejo uma geração perdendo a chance de fazer das suas vidas algo extraordinário.

Vivemos em um mundo de extrema fluidez e velocidade, o qual cobra em demasia de nós, como se nós tivéssemos que ser o gabarito do mundo, tendo respostas para tudo, saídas para qualquer tipo de situação e, assim, acabamos por ficar sobrecarregados, já que, embora queiram, nós não somos máquinas, tampouco super-heróis. Ou seja, há uma ditadura da “felicidade”, que cria modelos de “sucesso” a serem seguidos por todos que desejam ser marcados com o título de “vencedor”.

Entretanto, nesse modelo, não há espaço para o erro, para o choro e para o fracasso, já que todos são vencedores, vivendo suas vidas felizes de sucesso. Além disso, não há espaço para que o indivíduo seja quem de fato quer ser, uma vez que isso está fora do modelo de sucesso predeterminado. Diante disso, vem à minha cabeça uma indagação: se o modelo produz tantos vencedores, porque há tantas pessoas, sobretudo jovens, deprimidos? A resposta é simples: porque somos seres únicos, com personalidade própria, com nossos próprios maneirismos e idiossincrasias, de modo que criar um modelo padrão e querer aplicá-lo a todos os seres humanos é totalmente inconcebível, sobretudo se esse modelo pressupõe-se como gerador de felicidade.

Cada indivíduo é um universo e, portanto, há uma multiplicidade de desejos, ambições e sonhos que precisam ser cultivados. No entanto, desde cedo tratam de destruir os sonhos das pessoas, principalmente com a educação tecnicista que recebemos, a qual substitui os “porquês” pelos “comos”, bem como se destrói o universo lúdico e poético, para dar lugar a um mundo de pragmatismo financeiro.

Desse modo, sonhos vão sendo deixados para trás, abafados por pressão, medo de fracassar, fobias, ansiedade, tristeza, de tal maneira que, quando queremos retomá-los, temos que passar por todos esses sentimentos negativos que compõem praticamente o que nos tornamos ao abandonar aquilo que faz o coração se sentir vivo. E, assim, levamos vidas medíocres, robotizadas e medicalizadas, para, simplesmente, atender a um modelo que prometeu sucesso e felicidade. Um modelo que prometeu vidas extraordinárias.

E, como diria o poeta – “De fracasso em fracasso, vamos nos acostumando a ter vidas que não passam de rascunhos”. Todavia, o problema não são os fracassos em si, e sim acumular fracassos de vidas que não significam nada para nós, que não representam os desejos ocultos de um coração que silenciosamente chora. Vidas vazias de sentido e importância, sem traços fortes que deixam marcas. Vidas de silencioso desespero. Vidas de desnutrição existencial. E, aqui, outra pergunta vem à mente: será que não somos capazes de ter vidas que vão além de rascunhos?

Acredito que sim, embora seja necessário nos libertar das amarras a que nós insistentemente procuramos. Esquecer o que o mundo quer de nós e perguntar para o nosso mundo o que ele quer para nossas vidas. Ao decidir ser quem realmente você é, a estrada provavelmente estará vazia e escura, mas é preciso coragem para prosseguir, pois somente quando conseguimos sentir que estamos no lugar que queremos, podemos sentir o âmago da vida e substituir o silencioso desespero de uma felicidade falsa pelo canto sincero de uma vida única, marcante e extraordinária.

Imagem de capa: A StockStudio/shutterstock.

Erick Morais

"Um menestrel caminhando pelas ruas solitárias da vida." Contato: erickwmorais@hotmail.com

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Erick Morais
Tags: vidas

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