Ana Macarini

Não era preguiça! As inúmeras e traiçoeiras facetas da depressão.

A fadiga, ou falta de energia para envolver-se com as mais diversas atividades, pode ser um sinal de que algo não está funcionando como deveria no seu cérebro. E, aquela vontade de ficar na cama, que o impede de cumprir com seus compromissos, pode estar camuflando um sintoma de depressão.

Preguiçoso é aquele que demonstra uma baixa determinação para vencer a inércia, física ou mental, para tomar iniciativas ou realizar tarefas. Preguiçosos costumam desenvolver estratégias que os beneficiam, em detrimento do esforço alheio. Preguiçosos são capazes de aperfeiçoar metodologias que lhes garantam um lugar confortável, de onde possam dar ordens ou coordenar o trabalho daqueles que se dispõem a atender-lhes as demandas.

A lei do menor esforço é o cartaz de campanha dos preguiçosos. Diante de uma tarefa a eles confiada, os preguiçosos revelam inventivas maneiras de alcançar resultados – e neste caso esqueça a perfeição -, num espaço menor de tempo e com utilização de energia de trabalho reduzida.

Então, quer dizer que os preguiçosos podem revelar-se eficientes diante de desafios complicados? A resposta é: Sim! Os preguiçosos compensam a falta de disposição para o trabalho duro com estratégias mais simplificadas na resolução de encrencas e na dissolução de nós cegos. Só não vá esperando que o cara tome a iniciativa. Para isso, os preguiçosos são uma verdadeira negação.

Acontece que, o indivíduo deprimido pode, entre outros sintomas, apresentar uma considerável queda na energia para o trabalho. A depressão é responsável por sofrimentos colaterais físicos que vão desde dores generalizadas pelo corpo, até uma total ausência de interesse pelo mundo ao redor.

A diferença entre um deprimido prostrado e um preguiçoso contumaz é que a baixa energia causada pela doença interfere, inclusive, em atividades que nada têm a ver com o trabalho ou a aplicação da disciplina, do comprometimento ou da responsabilidade.

A prostração decorrente de um quadro depressivo, cobre a vítima com um manto de ferro e névoa. O cérebro de uma pessoa deprimida pode, entre outras coisas, estar sendo privado da produção adequada de Dopamina.

A dopamina é um neurotransmissor cuja importantíssima missão é controlar os movimentos, a motivação e a cognição. A baixa produção desse elemento químico, compromete a ação do Sistema Nervoso Central, causando desinteresse pela vida e impedindo a pessoa de ter prazer na realização de tarefas, contatos sociais e até mesmo em cuidar de si mesmo.

Todos nós, em algum momento do dia, estamos sujeitos a sentir “aquela preguicinha boa”. Sabe, aquela moleza gostosa no final de um dia de trabalho, ou mesmo depois da praia ou de uma festinha com os amigos? Essa sensação de querer ficar um pouco à toa é absolutamente normal. A bem da verdade, um pouco de ócio é fundamental para que corpo, alma e mente tenham o direito de relaxar e diminuir o ritmo. É saudável essa molezinha!

Acontece, que a lentificação e a falta de energia causadas pela depressão não passam nem perto de ser uma escolha. Enquanto o preguiçoso faz de seu comportamento um aliado para se dar bem, aqueles que lutam para sair da cama porque estão deprimidos, não têm nenhum recurso estratégico para dar conta de tamanho abatimento.

A falta de motivação crônica é doença. É uma das inúmeras e traiçoeiras facetas da depressão. Pode levar indivíduos altamente responsáveis, produtivos, honestos e inteligentes a se sentirem reféns de sua própria cama.

E, como em tudo na vida, é preciso usar o bom e velho bom-senso. Olhar para si mesmo e para os demais como seres falíveis e passíveis desses “pequenos pecados” ou desses terríveis e cada vez mais frequentes distúrbios de humor e comportamento. Antes de sair julgando – a si mesmo, a um colega, ou familiar – não custa dar um passinho atrás. Na dúvida, tente ouvir, acolher e compreender. Algumas vezes é só isso que falta para enxergar além das aparências.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “O amor não tira férias”

Ana Macarini

"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

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