Guilherme Moreira Jr.

A Forma da Água: uma história de empatia e amor profundo

A Forma da Água não conta uma história comum. Guillermo Del Toro teve a máxima liberdade para expressar todos os seus sentimentos pela sétima arte. Com uma mistura de saudosismo e romantismo, o mexicano descobriu a fórmula exata entre amor e empatia. Ingredientes mais do que necessários para os tempos em que vivemos.

Uma faxineira muda que se apaixona por uma criatura. Esse é apenas o início de uma fábula bem construída, apoiada em personagens interessantes e repletos de qualidades e falhas – assim como todos nós temos. Quando pensamos nos limites do ser humano, não é difícil identificar o quanto temos nos afastado das pequenas delicadezas. Do quanto estamos absorvendo mais ódio, preconceitos e distanciamento coletivo. Ao mesmo tempo, ainda existem pessoas na contramão. Pessoas que não sentem medo de demonstrar empatia e que enxergam no diferente mais um motivo para admiração e reconhecimento. Lições e vislumbres que não são passadas adiante por qualquer um ou em qualquer lugar.

Del Toro reafirma, poeticamente, que o amor está nos detalhes. Que o amor faz a diferença na nossa capacidade de abraçá-lo e reconhecê-lo como uma ponte que liga as coisas que sentimos e demonstramos. Para isso, maturidade. A Forma da Água passeia por essas questões sem barreiras. A narrativa é crua sem deixar de transbordar sensibilidade. O cineasta aborda de tudo um pouco e usa de um amor profundo para que ninguém se perca. É um estender de mãos para quem não anda enxergando belezas no mundo.

Uma fábula, um conto de fadas ou meramente uma jornada de autoconhecimento. Talvez não seja nada disso e talvez seja. Mas, acima de tudo, A Forma da Água é uma declaração visual da importância de repararmos no quanto estamos desapegando facilmente do amor. O filme, na verdade, grita para que nada disso ocorra. Ele apela para o apego, para o sincero e para chance que todos temos e merecemos de caber no universo de alguém.

A Forma da Água é uma das obras mais recíprocas dos últimos anos. São doses terapêuticas de encontros no meio de tantos desencontros.

Imagem de capa: reprodução

Gui Moreira Jr

"Cidadão do mundo com raízes no Rio de Janeiro"

Recent Posts

Amor, interesse e jogo psicológico: o filme da Netflix que incomoda sem pedir licença — e acerta onde dói

Parece comédia romântica, mas este filme da Netflix joga sujo com amor e dinheiro ❤️‍🔥💸

7 horas ago

Nova técnica criada no Brasil contra o câncer de mama, que congela tumor com nitrogênio líquido, atinge 100% de eficácia

🎗️ Tumor congelado a −140 °C: técnica contra câncer de mama tem 100% de eficácia…

7 horas ago

Após eliminar 75 kg, Thais Carla impressiona seguidores com transformação das curvas do corpo; veja antes x depois

Thais Carla mostra novo corpo após eliminar 75 kg e antes x depois deixa a…

7 horas ago

Olhe para seus dedos agora: o formato deles pode revelar traços da sua personalidade que você nunca percebeu

🖐️ Faça o teste: o formato dos seus dedos pode revelar traços da sua personalidade…

7 horas ago

SBT explica por que episódio de Chaves ficou quase 50 anos inédito na TV

Episódio especial de Natal de “Chaves” nunca tinha passado na TV aberta (até ontem!) —…

14 horas ago

Saiba como o SBT se saiu no Ibope após trocar Zezé di Camargo por episódio inédito de Chaves

⚠️ Após polêmica, SBT trocou Zezé por Chaves de última hora — e o Ibope…

14 horas ago