Fabíola Simões

Feliz é quem entende que tudo passa…

Ontem, procurando por algo diferente no Netflix, me deparei com “Happy”, documentário concebido e dirigido por Roko Belic, que busca definir as causas da felicidade genuína, aquela que cultivamos internamente, e que não está sujeita a condições externas para que possa existir.

“Happy” me fez refletir sobre o modo como tenho dirigido minha vida e educado meu filho, me levando a considerar maneiras de tornar a felicidade mais disponível, independente das circunstâncias que nos cercam ou afetam. Algumas pessoas nascem com potenciais mais elevados para a felicidade (dizem que cinquenta por cento é genético); outras, porém, deveriam criar condições favoráveis dentro de si para a manifestação da felicidade: através de exercícios físicos, gratidão, compaixão e relações afetivas positivas.

Sendo assim, a felicidade não seria apenas um dom, e sim uma habilidade que deveria ser exercitada e praticada. A começar por diminuir o foco sobre nós mesmos e ampliar nossa capacidade de servir aos outros.

De todas as definições sobre a felicidade, a que mais me cativa é: “Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”. Pois a felicidade verdadeira, aquela que permanece conosco independente da dança dos dias, é gratuita, à toa, desinteressada e enraizada em nós. Não compete com os fatos ruins que acontecem em nossa vida, apenas abre brecha para que a tristeza venha à tona por algum tempo, e depois retorna colocando tudo de volta no lugar.

Temos vivido tempos difíceis. Tempos em que nos tornamos dependentes da internet, de comida, bebida e remédios. Nossa cultura não nos ensinou que a felicidade genuína é conquistada no convívio afetivo com outras pessoas, praticando a empatia, a generosidade e a compaixão. No reconhecimento de que, mesmo que a vida tenha nos dado uma rasteira, ainda há motivos para agradecer. No aprendizado de que o mais importante não é o que recebemos do mundo, e sim aquilo que a gente oferece.

Algumas tribos indígenas que ainda conservam suas tradições nos servem de exemplo. Lá, se alguém fica doente, todos se unem num ritual para curar essa pessoa. Em nossa cultura, porém, temos vivido relações utilitárias. Esperamos que as pessoas que convivem conosco possam suprir nossas necessidades e expectativas. E em vez de ampliarmos nossas relações, acabamos restringindo-as e diminuindo nossas possibilidades de felicidade.

Enquanto continuarmos acreditando que nossa felicidade está no parceiro perfeito, na foto mais curtida do Facebook, na carreira de sucesso, na viagem dos sonhos ou na aparência plena, permaneceremos insatisfeitos e inseguros, pois é impossível controlar o que vem de fora. Porém, quando entendemos que essa felicidade pela qual nos esforçamos pode vir de dentro, ficamos mais resistentes ao que a vida nos tira, e menos deslumbrados ao que ela nos dá.

Feliz é quem entende que tudo passa. Quem sabe que bênçãos e adversidades se intercalam na vida de todos, mas não são elas que determinam se somos ou não realmente felizes. Feliz é quem não deposita seu bem estar permanente naquilo que é perecível, nem recusa a alegria duradoura em nome de um prazer momentâneo. Quem compreende que a vida é muito frágil, e por isso não adia o encontro com aqueles que ama nem chega tarde demais aos encontros que nunca mais se repetirão. Feliz é quem descobre, a tempo, que ser importante, ter a saia plissada da estação, o carro conversível do momento ou as férias perfeitas do Instagram só aquecem o coração momentaneamente, mas não garantem o fim de nossas inquietações. Pois até esse coração aquecido passa. E depois que passa, restamos nós e o que fizemos de nós. As vidas que tocamos, as oportunidades que aproveitamos, as escolhas que fizemos, a gratidão que temos, a compaixão que desenvolvemos, o amor que ofertamos, o perdão que não recusamos, e finalmente a felicidade que tanto buscamos e na simplicidade de ser e ter, encontramos…

A seguir, um vídeo muito interessante sobre a Felicidade Genuína:

Para comprar meu novo livro “Felicidade Distraída”, clique aqui.

Imagem de capa:  Halfpoint/Shutterstock

Fabíola Simões

Escritora mineira de hábitos simples, é colecionadora de diários, álbuns de fotografia e cartas escritas à mão. Tem memória seletiva, adora dedicatórias em livros, curte marchinhas de carnaval antigas e lamenta não ter tido chance de ir a um show de Renato Russo. Casada há dezessete anos e mãe de um menino que está crescendo rápido demais, Fabíola gosta de café sem açúcar, doce de leite com queijo e livros com frases que merecem ser sublinhadas. “Anos incríveis” está entre suas séries preferidas, e acredita que mais vale uma toalha de mesa repleta de manchas após uma noite feliz do que guardanapos imaculadamente alvejados guardados no fundo de uma gaveta.

Recent Posts

Ingrediente vetado! Suplemento famoso com planta “da moda” é proibido pela Anvisa e causa alerta geral

Planta “da moda” derruba suplemento do mercado: Anvisa veta ingrediente e dispara aviso urgente ❌

2 dias ago

Quanto custa agora? Nova regra derruba preço da CNH e Brasil sai da lista das habilitações mais caras do mundo

CNH fica muito mais barata após nova regra do Contran — veja quanto você vai…

2 dias ago

Lotes de sabão Ypê são recolhidos pela Anvisa após contaminação grave — veja se você tem em casa

Atenção! Anvisa identifica bactéria no sabão Ypê e manda recolher lotes vendidos em todo o…

2 dias ago

O nome grego de 4 letras para meninas que deve liderar as escolhas dos pais em 2026

Nos últimos anos, grupo de pais nenhum quer que a filha tenha “o mesmo nome…

2 dias ago

A placa DIP está espalhada pelas estradas e muita gente não sabe o que ela quer dizer — entenda agora

Saiba por que esse sinal aparece de repente e o que ele realmente avisa 🚗

3 dias ago

Anvisa barra venda de vinagre de maçã popular e revela problema que muita gente não percebeu no rótulo

Vinagre de maçã famoso é proibido pela Anvisa e pode estar na sua casa agora…

3 dias ago