“Quando as cordas de minha vida se afinarem, a cada toque seu soará a música do amor. ” Rabindranath Tagore

A pesquisadora americana Tiffany Field diz ter uma receita simples para diminuir a criminalidade, pelo menos nos Estados Unidos – e não se trata de mais um programa de desarmamento da população, nem de uma ação policial de tolerância zero. Para ela, a violência na sociedade diminuiria se as pessoas simplesmente se tocassem mais. Isso mesmo. Tiffany acredita que a falta de contato físico nos Estados Unidos é um dos responsáveis por eventos como o tiroteio no estado do Colorado – que resultou em 15 mortos em 1999, depois que dois jovens abriram fogo contra colegas e professores na escola Columbine. “Diferentemente dos brasileiros e dos outros latino-americanos, somos menos propensos ao contato físico”, diz Tiffany. “Se as pessoas se tocassem mais, esse tipo de violência diminuiria.”

Diretora do Instituto de Pesquisa do Tato, da Escola de Medicina da Universidade de Miami, e autora do livro Touch (Toque, inédito no Brasil), Tiffany diz que a diminuição da violência é apenas um dos inúmeros benefícios que o toque pode trazer às pessoas. Baseado em pesquisas sobre o assunto no mundo todo, seu livro revela que o contato físico tem um poder bem mais amplo que o de tratar lesões musculares, por exemplo, com um bom massagista. Além de aliviar o estresse e a ansiedade (e seus reflexos no comportamento e no metabolismo), o contato físico teria efeitos positivos no crescimento, na respiração, nas ondas cerebrais, na freqüência cardíaca e até no sistema imunológico, ajudando no combate às doenças.

“O problema é que as pessoas se tocam cada vez menos”, diz o psiquiatra Geraldo Massaro, terapeuta em psicodrama do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

“Vivemos uma época de relações superficiais, influenciadas tanto pela televisão e pela internet quanto pelo enclausuramento e pela exclusão social.” Para piorar, o toque está ganhando uma aura negativa, com o renascimento de vários tabus nos últimos anos. Professores, terapeutas e até os pais também estão na defensiva, preocupados com o aumento de casos de abusos sexuais contra menores. As crianças são exaustivamente orientadas para identificar o contato que é “legal” e o que não é. Processos por assédio sexual são cada vez mais comuns nos Estados Unidos e já ganham espaço nos tribunais brasileiros. Câmeras internas são colocadas em casa para vistoriar o comportamento de babás e, nos hospitais, para controlar profissionais que cuidam de enfermos. A vida moderna caminha para um “não tocar”, com a ideia reinante de que, assim, não se corre o risco de mal-entendidos. O resultado é que o tato, um dos mais importantes sentidos do corpo, passa a ser, também, um dos mais negligenciados.

A importância do toque

O tato é o primeiro sentido que se desenvolve e permanece ativo mesmo depois que a visão e a audição começam a desaparecer. Bebês e crianças dependem do tato para aprender sobre o mundo. No contato com a boca, aprendem sobre temperatura e textura, por exemplo. É pelo tato que as crianças passam a refletir sobre higiene e até sobrevivência. Quem nunca foi queimado num ferro de passar roupa ou nunca levou um choque elétrico? Pelos mesmos motivos, o toque é importante para os adultos. Você conseguiria imaginar um mundo regido por computadores em que não houvesse toque? Dá para pensar em um cirurgião ou em um artista plástico que não sentisse seus instrumentos de trabalho?

Fundamental no crescimento, desenvolvimento, comunicação e aprendizado do ser humano, o toque também é essencial para o conforto e a auto-estima. O primeiro estímulo sensorial da vida humana vem da sensação de toque quando ainda estamos no útero. A primeira ligação emocional de uma criança é construída a partir do contato físico com os pais – base de seu futuro desenvolvimento emocional e intelectual. Na fase adulta, temos em média 1,67 metro quadrado de pele, um órgão sensitivo em constante alerta para receber mensagens. “Pele é o que nos dá a noção de interior e exterior nas nossas vidas”, diz o psiquiatra Geraldo Massaro. “A permissão ao toque vai depender da segurança que o indivíduo tiver sobre si mesmo e das condições que o meio externo dá a ele para que se sinta seguro.”

Há ainda muitas questões abertas no que diz respeito ao estímulo tátil no desenvolvimento das pessoas. Uma delas é se aquelas pessoas que receberam mais contato físico no começo da vida apresentam menos senilidade na velhice. Também não se sabe se os efeitos da privação do toque podem ser revertidos mais tarde. Mas sabe-se, com certeza, que a privação deixa sequelas graves.

Por Airton Seligman, trechos do original “O poder do toque”

Hoje eu só quero ser tocada…

pelas pessoas que amo…

pelo que a natureza proporciona…

pela sensibilidade e por boas escolhas.

Se for assim, o ciclo sempre se repetirá!

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