Era só carência, por Rafael Magalhães

Por Rafael Magalhães

O problema é quando você confunde carência com saudade. Quando acha que aquele aperto no peito tem destinatário certo. Quando tenta se convencer de que aquela página virada seria a solução para as suas angústias. Pode ser que não seja nada disso, sabe?

Talvez você só tenha tido um dia difícil. Talvez seu chefe estivesse especialmente chato naquela manhã, seu ciclo menstrual não esteja colaborando, sua vizinha tenha comprado o carro dos seus sonhos ou sei lá… Dias complicados acontecem com todos nós.

O perigo é quando junto com a tristeza vem a carência. Sim, ela mesma. A responsável por 96% das cagadas do mundo, especialmente quando se apresenta disfarçada de saudade.

É quando você lembra daquela pessoa que mora em outra cidade, do rapaz que te deu uns beijinhos e depois desapareceu ou do outrora falecido e por hora ressuscitado ex.

É bem nessa hora que a banana come o macaco. É que a malvada da carência tem aquele velho poder de apagar tudo de errado que determinada pessoa fez e ficar martelando os míseros momentos agradáveis.

Mas quer saber de uma coisa? Talvez você não precise daquele abraço específico, mas somente de um abraço. Um gesto de carinho, uma conversa amigável, uma dose de afeto, um sexo caprichado. Percebe? Você não precisa dele, você só precisa de alguém.

Tudo bem se você é uma moça criada na catequese e que só deu o primeiro beijo brincando de “verdade ou consequência” com 14 anos. Também não precisa sair catando o primeiro que passar na frente da sua casa, muito menos ligar ou mandar aquela mensagem desastrosa para o falecido. Foi justamente pensando na sua situação que alguns gênios inventaram a Nutella, o brigadeiro e o sorvete de flocos.

Foi pensando também em mulheres no seu estado que o cinema de Hollywood já gravou centenas de comédias românticas. É por isso que o Nicholas Sparks e o John Green estão ricos e o tal do Rafael Magalhães não para de ganhar leitoras.

Existe um mundo preparado para te abraçar, para te entender e para te acolher sem que faça uma grande merda antes dessa fase passar. A carência é como uma tempestade de verão. Chega sem avisar, faz o maior estrago e quando menos se espera vai embora.

Para tamanho dilúvio não existe guarda chuva que dê jeito. O que resta agora é se aconchegar no sofá da sala e esperar as trovoadas passarem. Amanhã é outro dia e logo cedo o Sol há de bater na sua janela. Lave o rosto, prenda os cabelos e saia lá fora para ver o céu. O azul é sempre mais intenso depois de um longo dia de chuva.

Para mais textos do autor acompanhe seu blog Precisava Escrever.

CONTI outra

As publicações do CONTI outra são desenvolvidas e selecionadas tendo em vista o conteúdo, a delicadeza e a simplicidade na transmissão das informações. Objetivamos a promoção de verdadeiras reflexões e o despertar de sentimentos.

Recent Posts

Amor, interesse e jogo psicológico: o filme da Netflix que incomoda sem pedir licença — e acerta onde dói

Parece comédia romântica, mas este filme da Netflix joga sujo com amor e dinheiro ❤️‍🔥💸

10 horas ago

Nova técnica criada no Brasil contra o câncer de mama, que congela tumor com nitrogênio líquido, atinge 100% de eficácia

🎗️ Tumor congelado a −140 °C: técnica contra câncer de mama tem 100% de eficácia…

10 horas ago

Após eliminar 75 kg, Thais Carla impressiona seguidores com transformação das curvas do corpo; veja antes x depois

Thais Carla mostra novo corpo após eliminar 75 kg e antes x depois deixa a…

10 horas ago

Olhe para seus dedos agora: o formato deles pode revelar traços da sua personalidade que você nunca percebeu

🖐️ Faça o teste: o formato dos seus dedos pode revelar traços da sua personalidade…

10 horas ago

SBT explica por que episódio de Chaves ficou quase 50 anos inédito na TV

Episódio especial de Natal de “Chaves” nunca tinha passado na TV aberta (até ontem!) —…

16 horas ago

Saiba como o SBT se saiu no Ibope após trocar Zezé di Camargo por episódio inédito de Chaves

⚠️ Após polêmica, SBT trocou Zezé por Chaves de última hora — e o Ibope…

17 horas ago