Marcel Camargo

Coringa e Arlequina: quando o amor extrapola

Ninguém pode negar que Coringa e Arlequina, mesmo que por poucos minutos, roubam a cena em “Esquadrão Suicida”. Ainda que sejam personagens bastante populares nas HQs ou que os atores tenham elevado à excelência suas performances, certo é que o romance entre os dois antagonistas carrega um amor com o qual muitos de nós nos identificamos, guardadas as devidas proporções.

Arlequina representa o parceiro que se doa além do razoável, entregando-se incondicionalmente a um sentimento que, na verdade, mais machuca do que cura, mais entristece do que alegra. Obscuro, selvagem, insano, o que ela sente acaba por transbordar os limites morais e éticos que são aceitáveis e desejáveis socialmente, tornando-a alguém teoricamente pior, alguém que transgride as regras e normas convencionais.

E é assim nos apaixonamos por ela, por sua beleza, por suas habilidades e personalidade forte. Arlequina, afinal, representa a libertação de amarras por que muitos de nós ansiamos: ela se torna mais bela, mais desejada, mais perigosa, ágil e proibida. Trata-se, pois, daquilo que nos atrai, mesmo quando sabemos que é errado, simplesmente porque todo mundo já desejou, alguma vez na vida, ultrapassar algum limite, perigosamente.

Coringa, por sua vez, em si carrega todas as características de um anti-herói, de um fora-da-lei, de alguém que fascina, lidera, que é temido e, por isso mesmo, atrai vários olhares femininos. De início, ele percebe, na Arlequina, um meio de atingir os seus objetivos, um mero joguete, porém, acaba por ser vítima do próprio ardil, ao se apaixonar por quem menos esperava. Ah, o amor e suas armadilhas…

Na verdade, o casal de antagonistas simboliza nada menos do que os desejos inconfessáveis de muitas pessoas, quando idealizamos e imaginamos um outro nós, desarticulados das regras e convenções que muitas vezes nos sufocam e questionamos. A grande maioria das pessoas jamais excederá nestes terrenos obscuros e indesejáveis, logicamente, mas assistir a isso tudo como espectadores é fascinante e, até certo ponto, consolador, visto que catártico.

O amor pode se transformar em tudo, até mesmo no que machuca e fere, da mesma forma nos transformando em pessoas melhores ou piores, mais felizes ou mais tristes, somando ou subtraindo. Caberá sempre e somente a nós lidar com um sentimento tão nobre, a ponto de aninhá-lo confortavelmente em nossos corações, sem dor, sem demora, sem espera, com verdade e conforto na alma.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme Esquadrão Suicida.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

Recent Posts

Ingrediente vetado! Suplemento famoso com planta “da moda” é proibido pela Anvisa e causa alerta geral

Planta “da moda” derruba suplemento do mercado: Anvisa veta ingrediente e dispara aviso urgente ❌

2 dias ago

Quanto custa agora? Nova regra derruba preço da CNH e Brasil sai da lista das habilitações mais caras do mundo

CNH fica muito mais barata após nova regra do Contran — veja quanto você vai…

2 dias ago

Lotes de sabão Ypê são recolhidos pela Anvisa após contaminação grave — veja se você tem em casa

Atenção! Anvisa identifica bactéria no sabão Ypê e manda recolher lotes vendidos em todo o…

2 dias ago

O nome grego de 4 letras para meninas que deve liderar as escolhas dos pais em 2026

Nos últimos anos, grupo de pais nenhum quer que a filha tenha “o mesmo nome…

2 dias ago

A placa DIP está espalhada pelas estradas e muita gente não sabe o que ela quer dizer — entenda agora

Saiba por que esse sinal aparece de repente e o que ele realmente avisa 🚗

3 dias ago

Anvisa barra venda de vinagre de maçã popular e revela problema que muita gente não percebeu no rótulo

Vinagre de maçã famoso é proibido pela Anvisa e pode estar na sua casa agora…

3 dias ago