Se uma novela, que é fictícia, influencia a vida de milhões de brasileiros, a ponto de grande parte não diferenciar o ator do personagem na rua, o programa Big Brother Brasil, que é real, torna-se duplamente perigoso.
Os abusos e a violência que Lucas vem tolerando podem passar a ideia distorcida de normalidade e incentivar exemplos de segregação.
Não é normal alguém ser isolado. Não é normal alguém ser proibido de almoçar com o grupo. Não é normal alguém ser chamado de tudo o que é desaforo. Não é normal alguém ser atacado em qualquer canto da casa que se encontre. Não é normal alguém ser espantado quando tenta conversar.
São manifestações de terrorismo psicológico e perseguição que devem ser interrompidas na hora.
Ainda mais que toda casa é cúmplice e não intervém nas maldades da cantora Karol Conká.
A depender dos participantes, a tortura continuará. Na avaliação deles, a vítima é que está errada.
Lucas Penteado não está interpretando um papel, sua dor é de carne e osso.
Poeta, ator, trabalhador, deveria ser igual a todo mundo e também dono temporário daquele espaço e daquela audiência.
Mas tem sido tratado como um cachorro doente e sarnento com a atenção negada na porta do mercado das ilusões, esmolando afeto, e sempre escorraçado e chutado para longe pelos clientes.
Ninguém aguentaria ser humilhado e constrangido por horas consecutivas sem ter para onde ir, longe da família e dos amigos para poderem defendê-lo.
Cabe entender que o sofrimento dele é pay-per-view, não dura somente um programa. Portanto, insuportável e inadmissível.
O que estamos testemunhando é uma surra pública, uma agressão sem precedentes na televisão brasileira, um massacre de gangue feita por uma elite indiferente, egoísta e ambiciosa por R$ 1,5 milhão do prêmio.
Já é motivo para gerar crise de pânico ou ansiedade, que se agrava no confinamento com a sua algoz. Não há como calcular as sequelas emocionais da cruel experiência.
Se ele falhou ou não, nada justifica a maneira sistemática e covarde de insultos. Ultrapassou a esfera do bullying, é vítima de assédio social, da soberba truculenta, da injúria e difamação de seus colegas.
Karol Conká não tem que ir ao paredão, não tem que conhecer a maior rejeição da história. Pode demorar muito levando em conta a complacência de seus aliados. E todo dia é um inferno para o Lucas.
Cancelar também é pouco. Precisa ser sumariamente expulsa pela emissora devido ao mau comportamento. Seu desligamento nem é para evitar que o pior aconteça, o pior já aconteceu.
***
Imagens: reprodução
Abaixo, segue a publicação original
CANCELAR É POUCO
Fabrício Carpinejar
Se uma novela, que é fictícia, influencia a vida de milhões de brasileiros, a…
Publicado por Fabrício Carpinejar em Terça-feira, 2 de fevereiro de 2021
Pesquisadores flagraram um orangotango da ilha de Sumatra, na Indonésia, utilizando uma pasta à base…
Qual é a primeira coisa que você vê primeiro ao olhar para esta imagem? A…
É impossível não se emocionar com a história profundamente humana e as atuações fenomenais que…
"Ele mandou uma notificação sem autorização judicial informando que os pais dela ou pagarão a…
Dezessete anos se passaram desde que Madeleine McCann desapareceu do quarto de um resort na…
O pai alegou que obrigava seu filho de 6 anos a correr em uma esteira…