Antes de combinar um encontro, muita gente já olha o Instagram, o LinkedIn e até o Facebook da pessoa. Foto com cachorro, amigos, faculdade, viagens.
Mas tem uma parte da história que não aparece em feed nenhum: processos por agressão, medidas protetivas, mandados de prisão.
Foi nessa lacuna — entre a vida pública “perfeita” e o que corre silenciosamente na Justiça — que a curitibana Sabrine Matos decidiu mexer ao criar a Plinq, uma plataforma feita para que mulheres consigam verificar se um possível parceiro tem histórico de violência.
A ideia nasceu depois de uma notícia que muita gente preferia não ter lido. O caso da jornalista Vanessa Riccardi (ou Vanessa Ricarte, como também aparece em algumas reportagens), assassinada pelo ex-noivo em 2025, virou gatilho para Sabrine.
Só depois da morte de Vanessa veio à tona que o homem acumulava diversos processos de violência doméstica — informações públicas, mas difíceis de encontrar para quem não é da área jurídica.
Sabrine conta que ficou com aquela história martelando na cabeça e começou a se perguntar quantas mulheres estavam se relacionando com homens com histórico de agressão sem saber disso.
Dados do Instituto Patrícia Galvão ajudam a dimensionar o problema: pesquisas com recorte nacional apontam que uma parcela expressiva das brasileiras já sofreu ameaças, agressões ou situações de violência por parte de parceiros ou ex-parceiros.
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A Plinq é uma plataforma de background check focado em relacionamentos. A usuária entra, faz o cadastro e, mediante uma assinatura anual (R$ 97, segundo entrevistas recentes com a fundadora), passa a ter acesso ilimitado a consultas.
O funcionamento é simples: com nome completo, CPF ou, em alguns casos, telefone e data de nascimento, o sistema vasculha bases de dados públicas — como tribunais de justiça e diários oficiais — e organiza o que encontra sobre aquela pessoa:
Em vez de despejar páginas de termos jurídicos, a Plinq traduz esse conteúdo em alertas visuais:
O sistema ainda exibe textos explicativos, em linguagem simples, sobre o que cada tipo de processo significa e qual tipo de cuidado faz sentido naquele cenário.
A proposta é que qualquer mulher, mesmo sem formação jurídica, consiga entender o básico do que está lendo e usar essa informação na hora de decidir se segue ou não com o relacionamento.
Um ponto importante: a Plinq trabalha só com dados públicos, já disponíveis em sites oficiais. A plataforma não invade sistemas, não acessa informações sigilosas e segue a LGPD, segundo Sabrine e os materiais oficiais do projeto.
Na prática, o que ela faz é organizar, limpar e traduzir em poucos cliques o que hoje exigiria tempo, paciência e algum conhecimento jurídico para ser encontrado.
A história da fundadora ajuda a entender por que o projeto avançou tão rápido. Ainda jovem, Sabrine empreendeu em outros negócios, trabalhou com marketing e growth em startups e criou uma agência de outbound sales antes de chegar à Plinq.
Experiência com vendas, narrativa, teste rápido de ideias e produtos digitais virou combustível para tirar o projeto do papel em poucos meses, mesmo sem saber programar.
Para desenvolver a primeira versão do site, ela recorreu a uma plataforma no-code (Lovable), daquelas que permitem criar ferramentas complexas usando blocos já prontos, sem escrever uma linha de código. A prioridade era ter algo funcional e testar rápido com usuárias reais, não criar um “produto perfeito de vitrine”.
Lançada em maio de 2025, a Plinq rapidamente viralizou em redes sociais e, em poucas semanas, já somava dezenas de milhares de usuárias e projeções ambiciosas de faturamento para o primeiro ano de operação.
Relatos de quem usa a Plinq ajudam a visualizar o impacto da ferramenta no dia a dia. Em entrevistas, Sabrine menciona casos em que a plataforma revelou antecedentes por agressão, racismo, tráfico e até homicídio de homens com quem as usuárias estavam prestes a sair ou já se relacionavam.
Em mais de uma situação, essa descoberta levou ao cancelamento de encontros, fim de vínculos e, potencialmente, à prevenção de violências mais graves.
Em outro exemplo citado por uma das primeiras usuárias, o recurso passou a ser usado não só para “verificar o crush”, mas também para checar prestadores de serviço, como motoristas de aplicativo, o que mostra como a ideia extrapola o namoro e se conecta com segurança em outros momentos da rotina.
Uma dúvida recorrente é se a ferramenta “carimba” alguém como agressor. A resposta é mais complexa. A Plinq não emite condenações, não julga o caráter da pessoa consultada.
Ela só mostra, de forma organizada, o que já está disponível em bases públicas: existência de processos, tipo de acusação, estágio do caso. Quem interpreta esse contexto e decide o que fazer é a usuária.
Outro ponto sensível é o equilíbrio entre segurança e privacidade.
Especialistas em direito digital lembram que, mesmo tratando de documentos públicos, a exposição concentrada de informações pode gerar questionamentos jurídicos, principalmente de homens que se sintam prejudicados pela forma como os dados aparecem.
Por isso, a startup mantém acompanhamento jurídico e ajusta o produto conforme o entendimento sobre proteção de dados evolui no país.
A própria plataforma reforça avisos importantes:
O plano de Sabrine e do time é ampliar a Plinq para além da consulta de antecedentes. A startup trabalha em recursos como:
No campo dos negócios, a empresa prepara uma rodada de investimento com foco em mulheres investidoras, seguindo a lógica de um produto pensado por e para mulheres desde a concepção até a governança.
A ideia é consolidar a Plinq como referência em segurança feminina mediada por tecnologia — começando pelos relacionamentos, mas de olho em toda a rede de interações em que dados públicos podem servir de ferramenta de proteção.
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