Fabíola Simões

“Ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”

Dia desses acordei repetindo um trecho de uma das mais poderosas frases do psiquiatra Carl Jung, e fui procurar a frase completa na internet. Desde então, tenho me reconectado com seu sentido, tentando absorver sua essência e trazendo seu ensinamento para todos os setores da minha vida. A frase diz: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.

Como eu disse, o sentido dessa frase pode ser aplicado a inúmeros setores da minha e da sua vida. Trabalhando como dentista no SUS, tenho que ter consciência que, além de toda técnica e conhecimento que tenho, além de toda responsabilidade e cumprimento de protocolos, além de todo profissionalismo e senso de dever, sou uma alma humana tocando outra alma humana. E isso tem que ser maior que qualquer regra, filosofia, teoria, intenção ou sabedoria. Naquele momento, alguém cuida de alguém, mas acima de tudo tem que prevalecer a igualdade e a empatia. A compreensão e a sintonia. A humildade e muita humanidade.

Porém, de vez em quando estamos do lado oposto. Temos a tendência de imaginar que o outro é bem maior que nós, bem mais sucedido, bem mais feliz… só porque aparenta ter a vida mais cheia de filtros no Instagram, mais abarrotada de conhecimento e conquistas, mais repleta de afetos e possibilidades, mais adequada e notável. O que ninguém nos conta é que todos nós estamos nus. Cada um de nós tenta, dia a dia, sobreviver às próprias batalhas, encontrar sentido, vencer as próprias prisões, superar os próprios obstáculos, afugentar as dores e tentar viver o presente da melhor maneira possível. Cada um de nós tenta se vestir, camuflar ou fantasiar da melhor maneira que pode, sem imaginar que somente se despindo estará mais próximo do que é de fato, e muito mais perto de Deus.

Você tem que entender que não é preciso impressionar ninguém. Tem que entender que quando tenta convencer alguém sobre sua felicidade, seus dons ou qualidades, está se afastando de quem é de fato. Está dando asas à vaidade, ao ego, e não à sua felicidade. É preciso aprender a ser simples. Aprender que nessa vida não há deuses, nem superpoderosos, nem donos da verdade e muito menos gente isenta de defeitos. E que se alguém se apresenta dessa maneira, com arrogância, superioridade e prepotência, não cabe a você tentar fazer o mesmo para se igualar. Saiba que, assim como você, ele é “apenas” outra alma humana. Ao desconstruir esse mito, passamos a enxergar todos, sem exceção, como nossos semelhantes. E assim respiramos aliviados, pois descobrimos que ninguém é muita areia para o caminhão de ninguém.

Um relacionamento bem-sucedido requer mais do que beijos e declarações de amor. Requer entrega, e ao se entregar de verdade, você se torna um pouco vulnerável também. Porque no fim das contas, você estará nu, não somente por fora, mas (e talvez essa seja a parte mais difícil) por dentro também.

Para ter um relacionamento de verdade, você precisará se despir dos medos, inseguranças e travas internas e assumir os riscos de ser quem é, com tudo de bom e ruim que existe por trás da sua necessidade de ser aceito e ser amado.

Para ter um relacionamento de verdade, você precisará se despir da necessidade de comparar a sua vida com a dos outros, e do constrangimento de não ter todos os seus ideais alcançados. Precisará assumir que também fica triste, que dá preguiça ir à ginástica todos os dias, que chora em cerimonias de casamento, que não tem paciência para discutir a relação, e que se sente sozinho a maior parte do tempo.

Para ter um relacionamento de verdade, você precisará se despir dos filtros e se despedir da necessidade de aprovação a todo custo. Terá que entender que é somente uma alma humana, e como tal não carrega passaporte, diplomas ou medalhas. Terá que baixar a guarda, simplificar a aparência, ampliar o sorriso e abrir o coração. Só assim atrairá a “pessoa certa”, pois como já foi dito por alguém, “semelhante atrai semelhante”. E no final, você se sentirá recompensado, não somente pelos beijos, química e risadas, mas pela possibilidade de estar com alguém que conhece _ e aceita _ sua alma nua…

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Fabíola Simões

Escritora mineira de hábitos simples, é colecionadora de diários, álbuns de fotografia e cartas escritas à mão. Tem memória seletiva, adora dedicatórias em livros, curte marchinhas de carnaval antigas e lamenta não ter tido chance de ir a um show de Renato Russo. Casada há dezessete anos e mãe de um menino que está crescendo rápido demais, Fabíola gosta de café sem açúcar, doce de leite com queijo e livros com frases que merecem ser sublinhadas. “Anos incríveis” está entre suas séries preferidas, e acredita que mais vale uma toalha de mesa repleta de manchas após uma noite feliz do que guardanapos imaculadamente alvejados guardados no fundo de uma gaveta.

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