”O jeito é curtir nossas escolhas e abandoná-las quando for preciso, mexer e remexer na nossa trajetória, alegrar-se e sofrer, acreditar e descrer, que lá adiante tudo se justificará, tudo dará certo. ” (Martha Medeiros)

Como sempre digo, ao longo da caminhada, vamos vivendo e nos relacionando. Primeiro com a família, depois com os amigos da escola e assim vamos abrindo um leque de relações sociais, muitas vezes afetivas. Quando falo em afeto, não me refiro apenas aos apaixonados, a amizade talvez seja o maior de todos eles.

Escolhemos, a cada dia, com quem vamos conviver e é exatamente o afeto o principal estímulo para isso. Nós nos identificamos com o outro e por isso nos aproximamos, todavia, continuar as relações é sempre uma escolha – escolha nossa, escolha do outro e daí vem o famoso chavão: afeto tem que ser regado, cultivado. Escolhemos cuidar – e isso leva tempo e requer gasto de energia, requer um pouco de nós.

Sem dedicação estamos escolhendo, sem perceber, compactuar com a morte da tal relação. Para entender como o afeto está ligado a essa entrega é só observar o amor materno. Quanto tempo nós dedicamos aos nossos filhos? Será que um dia deixamos de nos dedicar? Mães são muitas vezes, as únicas a encarar a constrangedora fila dos presídios para levar comida, cigarro e afeto aos filhos abandonados por todo o resto de relações que um dia existiram. Não vou ser unânime em dizer que todas as mães são assim, infelizmente sabemos que não é verdade, mas a capacidade de amar que um filho pode provocar numa mulher é indescritível. E fazendo um paralelo eu lhes pergunto:

Por que escolhemos abandonar nossas relações? Por que somos abandonados por elas? Que escolhas nós fazemos a cada dia? Quais as consequências delas?

Como muito bem disse Freud, escolhemos e nos comportamos sempre em busca de prazer e também para evitar a dor. A decisão de escolher abandonar uma relação nem sempre é o melhor, mas sim o menos pior. Talvez estejamos abandonando porque já fomos abandonados. Talvez a escolha já tenha sido feita pelo outro. Sem dedicação, sem alimento, aquela plantinha chamada afeto, morre de inanição. Ao ir ao presídio todos os domingos, por mais sacrificante que isso seja, as mães estão alimentando o afeto por seus filhos, afeto maior do que qualquer erro que eles tenham cometido. Afeto capaz de perdoar erros imperdoáveis. Amor é assim, feito de perdão e de imortalidade. Amor não morre. Mesmo depois de morto, ele volta a nascer em outros vasos, para outros donos, quando se tem a capacidade de amar.

Ao escolher não cultivar uma amizade, um afeto, por qualquer razão que seja você escolhe morrer junto, aos poucos, pois a solidão é a única morte que existe. Ao encontrar desculpas para não se dedicar, estamos enganando a nós mesmos, a vida é feita de escolhas e todos os dias escolhemos e priorizamos o que nos é importante.

Viviane Battistella

Psicóloga, psicoterapeuta, especialista em comportamento humano. Escritora. Apaixonada por gente. Amante da música e da literatura...

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