A perfeição sob a ótica dos adultos-Bruna Barievillo

Não sou perfeita, nunca tive essa ambição. Tenho plena consciência de que as pessoas mais interessantes que já conheci são discrepantes, ousadas e não me dão vontade de abraçá-las o tempo todo. São as arestas que tornam alguém marcante, a perfeição é nada mais que uma projeção intangível ou uma visão turva, rasa e infantil do que quer que seja. Aliás, o conceito de perfeição é pueril.

Lembra de quando você vivia [ou sobrevivia] seus tenros e inexperientes anos de adolescência? Lembra do príncipe encantado? Você sabia exatamente o que queria dele. Na minha lista, admito, constava até a textura das mãos da criatura hipotética. Ele apareceu? Se apareceu foi por algumas horas e logo desceu à condição humana ou de sapo mesmo.

Mas certamente apareceu um cara melhor do que você pode imaginar naquela época. E ele não carregava um sorriso 24h por dia no rosto mas quando o abria, iluminava tudo em volta, como se o mundo tivesse começado naquele momento.

As pessoas só crescem quando descobrem que a perfeição é nada mais que ilusão. Nada é perfeito, ninguém é realmente perfeito. Pessoas são personagens bi, tridimensionais, serão boas e más dependendo da situação [aliás, nada mais limitado que o conceito de bom e mau]. Perfeito é fotografia com um único plano e só. Viver a vida real é admirar apesar das imperfeições. Só assim a gente cresce.

Pessoas autênticas jamais serão perfeitas ou desejarão sê-lo. A autenticidade está em aceitar-se, respeitar cada centímetro da própria personalidade. Seus amigos não são perfeitos, seus professores não são perfeitos, seus pais também não. São só pessoas e portanto não merecem apreço só pelos seus atos, destina-se afeto a alguém pelo que traz dentro de si, pelo modo como faz você se sentir.

Alguém um dia me disse que as pessoas que marcam de verdade a vida da gente vão nos decepcionar em algum momento, é a única garantia. As crianças guardarão seus brinquedos, se trancarão e irão para casa, para o seu lugar seguro, idealizar a perfeição, idealizar “Tristão e Isolda”. Contudo, os adultos saberão lidar com essa decepção assim como sabem conviver com as suas próprias arestas. Os adultos amarão na contemporaneidade, sem mitos, sem projeções, simplesmente vivendo a realidade. E amarão mais que a projeção de seus próprios valores, amarão pessoas.

Clarice Lispector escreveu “não faz sentido dividir as pessoas em boas ou más. Pessoas são apenas encantadoras ou monótonas”. Posso acrescentar que por conseqüência, não existem pessoas perfeitas. E  se você ainda as busca, por favor, volte logo ao Jardim de Infância.

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