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“A criança tem que cair e ralar o joelho. Porque a vida dói, a realidade dói. Mas passa.” diz Daniel Becker, pediatra e pesquisador da UFRJ

O pediatra e pesquisador Daniel Becker, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, deu uma entrevista para Revista Exame, falando sobre as agendas a cada dia mais preenchidas das crianças, reflexo da preocupação de seus pais com a competitividade dos nossos dias ou mesmo reflexo da própria competitividade dos pais.

Ele diz que a infância deve ser um tempo em que a criança possa brincar livremente, já que essa etapa não pode ser executada noutras fases da vida.

Becker, é um dos criadores programa Saúde da Família e alerta: uma das possíveis consequências desse comportamento dos pais (privação de brincadeiras) é gerar filhos competitivos e individualistas.

Seguem trechos da entrevista que Becker concedeu entrevista a EXAME:

Muitos pais acreditam que deixar ao criança ocupada com atividades que compõem um currículo estão auxiliando na educação. Por que o senhor critica essa prática?

Nós vivemos uma cultura de excesso de valorização da aprendizagem com adultos, é um paradigma da escola do desenvolvimento. Como se o desenvolvimento de uma criança só se desse na sua interação com adultos, em aulas, supervisões, atividades programadas e estruturadas.

Quando, na verdade, isso só provê essa criança de um tipo de ganho, um tipo de inteligência. Essa educação bancária – em que um domina o conhecimento e outro está ali para receber – é cada vez mais reconhecida como um modelo que tem muitas limitações.

As nossas crianças brincam para serem adultas, por essa crença dos pais de que elas se tornarão mais prontas para o mercado. Brincando a criança aprende coisas que ninguém mais pode ensinar a ela.

Uma criança que brinca no parque com amigos vai aprender a negociar, interagir, ter empatia, ouvir o outro, se fazer ouvir, avaliar riscos, resolver problemas, desenvolver coragem, autorregulação, auto estímulo, criatividade, imaginação… Uma série de habilidades que nenhuma aula vai oferecer para ela.

E elas são muito mais importantes para um adulto bem-sucedido do que uma aula de Kumon ou violino. Não que precisemos desvalorizar a importância de matricular nossos filhos em algumas atividades, mas é importante nunca esquecer que brincando livremente na natureza a criança está aprendendo.

Existe algum risco de essas crianças se tornarem adultos mais improdutivos ou com alguma deficiência?

Há algumas pesquisas que já estão avaliando que as crianças da geração Y, os millennials, que foram superprotegidas e foram vítimas desse excesso de escolarização, estão se tornando adultos narcisistas, incapazes de lidar com a frustração e com o conflito, tendem a fugir das intempéries…

Começamos a ter alguns indícios disso. São efeitos previsíveis. Uma criança que enfrenta a realidade com o pai e a mãe se interpondo entre ela e o problema não vai aprender a resolver sozinha. Nem com o professor ensinando a ela alguma disciplina.

Ela tem que cair e ralar o joelho. Porque a vida dói, a realidade dói. Mas passa. E, no dia seguinte, o machucado ganhou uma casquinha, o corpo está reagindo e fazendo alguma coisa. Daqui a pouco, aquela marquinha sumiu e o joelho voltou ao normal. Olha tudo o que ela aprendeu ali sobre enfrentar a dor, sobre saber que essa dor passa e que o corpo funciona e se regenera. Que aula vai oferecer a ela essa experiência?

* Para ler a entrevista completa, acesse: Exame. Via Provocações Filosóficas

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