Você pode substituir um amor superficial por coragem, por exemplo.

Estou na era da “pegação”. Não vou pagar de moralista. Dizer que tudo está errado e que essas pessoas são todas rasas, esta seria uma análise, ironicamente, rasa. Abriu-se a possibilidade de nos conhecermos uns aos outros e isto é formidável. Posso me deparar com diversas formas de pensamento, várias maneiras de enxergar a vida, num curto espaço de tempo e em diversos ambientes. Baladas, livrarias, aplicativos… Há vastas opções, com uma boa organização, certeza, todo mundo ama.

O problema, eu cogito, é que variedade e organização são dois objetos difíceis de combinar nesta época. Temos muito, demais, tanto que sabemos por onde começar, mas tão complicado acertar aonde parar. Você se abre e conhece uma infinidade de novas companhias, porém quais delas durarão?

Não há resposta. Gente que era certo que iria nos abraçar pra sempre, de repente some. Outras, nem imaginávamos que pudessem ficar, permanecem e se alicerçam. Entre esses dois tipos de pessoas, é fácil nos confundirmos e gastarmos mais tempo com quem não valorizará nossas horas.

Podemos tranquilamente, cair nas garras do amor superficial. Porque ele é bom. Faz bem. Está disponível no momento exato. Nada quente, nem frio você fica, ali, acomoda-se. A relação superficial é sempre mais confortável e menos saciável. É nítida a sensação de que mais tarde será o fim, vamos adiando pra depois do aniversário, depois do natal, depois do ano novo… E assim vai, é o famoso “final mais ou menos feliz.”

Como estamos numa época da “pegação”, é bem possível ter vários amores superficiais. Começa, começa outro sem acabar com o primeiro, inicia o terceiro sem concluir tudo com o segundo e assim vai… A lista das pessoas “ficantes” se alonga, mas das conhecidas se encurta.

Bom ter ousadia pra iniciar aquela paquera, chamar pra sair, testar os flertes no momento oportuno. Mas que não nos falte coragem de falarmos sobre a necessidade de nossos lábios. Eles às vezes pedem por beijo, e tantas outras vezes pedem por conversa leve e coração aberto. Felicidade é o que, no fim, realmente interessa.







"Escrevo porque fui alfabetizado um dia. Nada é meu, tudo é aprendido. Sou um autor de textos de todo mundo. O meu texto é pra ser isso, é pra ser teu." Um dos editores do Conti Outra e integrante do fan club de gifs de cachorros.