Tempos idos, tempos vindos…

Não quero adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Oscar Wilde

É de manhã e um friozinho brincalhão procura a poeira que a chuva levou e, como não a encontra, rodeia meu rosto, brinca com meus cabelos e eu acolho-o ordenando aos meus sentidos que se abram, sem reservas, ao nosso visitante.

O Sol também vai chegando mais tímido, afastando, vagarosamente, o escuro da madrugada, deixando entrever o azul que deseja manifestar sua beleza.

São 6 horas da manhã. Tranco portas, janelas e deveres… Vou, assim como o vento, buscar novos horizontes, inalar a imensidão do Céu…

Paz e felicidade, assim me defino neste momento!

Há tempos, saboreio uma sucessão de dias maravilhosos, porém, hoje, especialmente, há uma fusão de fragmentos de tempo presente com tempo passado.

Contrariando, no pensamento, o movimento do carro e as regras, desato o cinto de segurança e retrocedo para dias mais remotos, época em que eu era criança e viajava com meus pais e irmãos para a cidade de Santos.

Uma aventura longa e repleta de prazeres…

Desde o momento do acordar (de madrugada), à primeira parada para o café no Posto Castelinho; o almoço em São Paulo na casa dos nossos tios e, depois, a descida pela Serra do Mar, com seus túneis e curvas sinuosas, onde se desacelerava o carro e aceleravam os corações ao vislumbrar a primeira aparição do Mar!

O sorriso de meus pais, ainda jovens, explicando o caminho, o cheiro da maresia, o barulho das ondas arrebentando nas areias, aos poucos, reacende meu corpo e traz inúmeras emoções!
Intensa e incontrolável ansiedade para esse encontro com a areia do Mar e com as águas do mundo.

A pá, o rastelinho de madeira, o balde de plástico ¬- apetrechos necessários para ¬levantar nossos castelos – e o jogo de enterrar os pés na areia selaram minha união definitiva de amor com o Mar…

Abro as janelas do carro porque a alegria não se contém, piso no acelerador, aumento o volume do som e com o vento roçando em meu rosto, vou extasiada para esse reencontro!
Eu e o Mar… O Mar e Eu…

A cada novo encontro, o mesmo Amor.

Imagem de capa: Stas Walenga/shutterstock







Psicóloga , escritora e avó apaixonada pelo seu neto e pela vida. Autora do livro "Varal de sonhos" e feliz demais com os novos horizontes literários que se abrem.