Síndrome do preocupado: quando a mente esgotada parece não funcionar mais!

Você chega na cozinha e de repente não sabe o que é que foi fazer ali, afinal? Você toma o mesmo remédio duas vezes porque não tem certeza se já tomou? Você deixa de pagar uma conta porque tem certeza que já pagou antes? Você anda com a impressão de que suas coisas andam se escondendo de você? Você vive achando que o dia tem menos horas do que deveria ter?

Se você se identificou com as questões propostas ali em cima, ou foi remetido a outras situações envolvendo confusões semelhantes, fique atento, você pode estar sofrendo da Síndrome do Preocupado.

Trata-se de uma disfunção comportamental que afeta aquelas pessoas que têm por hábito assumir mais compromissos do que são capazes de cumprir; ou que acham que é uma maravilha ser multitarefa e fazer um monte coisas ao mesmo tempo.

A história começa naquele ponto em que acreditamos que sempre podemos produzir mais, e melhor, e mais rápido, junto com a necessidade de viver conectado por meio dos tablets e smartphones. Aceitamos de bom grado a ideia de que é muito esperto da nossa parte acreditar que precisamos ser bem-sucedidos em tudo aquilo que nos propomos a fazer. Então, quando algo dá errado ou não sai exatamente como programamos, somos acometidos por uma sensação incômoda de fracasso e frustração.

A história continua quando não compreendemos que o excesso de obrigações é uma violência contra nossas estruturas físicas, psíquicas e emocionais. Encurtamos o horário do almoço e às vezes acabamos “comendo qualquer coisa”, diminuímos o tempo de sono, rareamos as experiências afetivas com nossas famílias e amigos e compramos a ideia de que o ócio é terrivelmente pernicioso e errado.

A sobrecarga vai logo mostrando suas consequências: falta de concentração, esquecimentos inexplicáveis, irritação, falta de paciência e insatisfação consigo mesmo. Isso para não falar das inúmeras doenças físicas que podem surgir em função de rotinas desumanas, como dores de cabeça com hora marcada, insônia, gastrite, colite, e mais uma porção de “ites” por aí a fora.

A história termina com dois possíveis finais, bem naquele estilo “você decide”. Caso você insista em testar os limites do seu corpo e mente, pode acabar esgotado, perdido num mar de tarefas inacabadas, com dores musculares e arrebatado por uma inquietante falta de perspectiva.

Mas há um final muito mais feliz do que esse bem ao alcance das suas mãos e do resto do seu corpo inteiro. É muito simples: puxe o freio! Só para começar, pare para fazer uma análise do quanto do seu tempo diário vai pelo ralo da vida em grupo inúteis do Whatsapp, em espiadas de cinco em cinco minutos nos perfis das redes sociais, em horas inteiras que você passa pasmando diante de programas alienantes na frente da televisão, em quanta porcaria você coloca dentro do seu corpo como se fosse comida.

Evolua suas observações para a maneira como você organiza o seu dia; reflita sobre as inúmeras situações em que você é incapaz de delegar tarefas ou pedir ajuda; observe as incontáveis vezes em que você abriu mão de prazeres simples, como ler um bom livro, bater papo com os filhos, cuidar das plantas, ouvir música, costurar. Tente olhar para si mesmo com um pouco mais de respeito e dê um fim a essa escravidão voluntária.

Certa vez, um discípulo perguntou ao Dalai Lama qual era o seu segredo para manter-se em paz e equilibrado. O sábio, então, respondeu: “É simples! Eu como, medito, trabalho e durmo!”. O discípulo um tanto confuso, tentou argumentar: “Mas, isso eu também faço, Mestre! Então por que vivo estressado?”. O Mestre, desta vez, tornou ainda com mais amorosidade e explicou: “Quando for comer, coma. Quando for meditar, medite. Quando for trabalhar, trabalhe. Quando for dormir, durma.”

No fim das contas, nos deparamos com a velha e boa constatação: as coisas mais simples são quase sempre as mais geniais, não é mesmo?!

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “O Diabo veste Prada”







"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"